Historiador e militante da esquerda Jones Manoel defende que a população precisa “odiar” e “querer cuspir” na burguesia.| Foto: Reprodução/Youtube
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O Centro Acadêmico Hugo Simas, da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR), convidou o historiador e militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Jones Manoel, para participar de uma palestra sobre democracia, no dia 20 de março, durante a semana do calouro. Jones Manoel é defensor de ditaduras, da pena de morte em revoluções socialistas e de ideias como a necessidade de “odiar” e agredir “a burguesia”, “os patrões”, políticos, conservadores, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), etc.

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Manoel vai participar do painel “Memória, verdade e justiça: encarar o passado por uma nova primavera”, que quer discutir a “crise democrática brasileira provocada pela ascensão de ideais conservadores e neofascistas que catalisaram a violenta tentativa de golpe de Estado no dia 8 de janeiro de 2023”. O painel relaciona o “bolsonarismo” e “conservadorismo” com a “crise democrática”.

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Procurado, o Centro Acadêmico não respondeu ainda sobre os motivos pelos quais um apoiador de ditaduras e da violência poderia contribuir em um evento sobre democracia.

A radicalidade dos discursos de Manoel é conhecida. Em setembro de 2020, o militante do PCB ganhou notoriedade após Caetano Veloso chamá-lo de “guru”. Antes disso, muitas das suas manifestações antidemocráticas a favor de ditadores como Josef Stálin e da violência contra pessoas com ideias diferentes das suas já eram conhecidas.

Em um dos seus vídeos mais conhecidos, Jones Manoel defende a pena de morte em processos revolucionários socialistas. No conteúdo, o militante cita procedimentos do ex-ditador cubano Fidel Castro para justificar a violência. “Usar medidas de terror vermelho contra os contrarrevolucionários, historicamente, isso é válido”.

Mais recentemente, em outro vídeo, afirmou que uma das tarefas fundamentais da militância de esquerda seria a de “estimular o ódio de classe”, para que os trabalhadores acordem todo dia “querendo esfolar o patrão”. Na mesma ocasião, Jones Manoel disse que seria preciso “acordar todo dia querendo pegar pelos cabelos cada um daqueles ministros do STF”.

Semana do calouro não tem espaço para o contraditório

Os outros painéis da semana do calouro, que vai até 24 de março, também chamam a atenção por apresentar bandeiras de esquerda, sem direito ao contraditório. Os títulos dos encontros trazem críticas à Reforma Trabalhista, às investigações da Operação Lava Jato, entre outros.

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Não se sabe se haverá espaço para manifestações contrárias às teses do Centro Acadêmico, com abertura ao diálogo respeitoso. Em março de 2022, o mero anúncio de um documentário de viés conservador foi alvo de protestos do próprio Centro Acadêmico, de professores, alunos e até milícias digitais.

Por outro lado, faltam painéis sobre assuntos atuais, como arbitragem, direito empresarial, violações das cláusulas pétreas da Constituição, ameaças ao papel do Ministério Público, riscos à liberdade de expressão, entre outros.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]