A estiagem é o grande vilão quando se fala em incêndios florestais. Mas, para ambientalistas, falta também uma ação mais efetiva por parte do poder público. Para o diretor-executivo da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), Clóvis Borges, o Paraná "chegou ao limite" quando o assunto é conservação da cobertura florestal original. "Na década de 60 o Paraná já estava no limite, agora não tem mágica", afirma.
Borges faz um alerta sobre os perigos de um círculo vicioso: se o clima seco leva a incêndios, a destruição das matas leva ao fim dos mananciais e à falta de água. Um exemplo é o incêndio em Campina Grande do Sul. "É uma área de transição da floresta de araucária com a mata atlântica. Curitiba só tem água por causa dessa floresta", diz ele. "Se favelas ou condomínios de luxo subirem a Serra do Mar, em 15 anos Curitiba não terá mais água."
Para o diretor da SPVS, no Paraná os combates eficazes a incêndios florestais só são desenvolvidos pela iniciativa privada. "Quem tem bons sistemas de combate a incêndios são empresas de reflorestamento. O Paraná não tem uma estratégia para a conservação da biodiversidade. E ainda acham que essa história de plantar arvorezinhas serve."
Interesses
Para a ambientalista e jornalista Tereza Urban, os interesses do setor madeireiro ainda prevalecem no estado, o que contribui para a devastação. "O setor madeireiro tem muita influência no poder legislativo e no executivo. O padrão de comportamento do IAP (Instituto Ambiental do Paraná) está relacionado ao padrão extrativista. A elite que se gerou com a extração de madeira continua mandando no Paraná."
O secretário de estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, Rasca Rodrigues, que também preside o IAP, chegou a levantar a possibilidade de muitos dos incêndios florestais serem criminosos. "Existem situações em que há conivência do proprietário da terra. É difícil identificar", afirma. Segundo ele, o IAP mantém três aviões monitorando as áreas de mata nativa. (JML)
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