Índios das etnias guarani e xetá que vivem em Mangueirinha, no Sul do Paraná, chegaram ontem a ameaçar atear fogo em torres de energia de alta tensão que passam pela aldeia, com o objetivo de provocar um blecaute na região. A ameaça servia para negociar uma reunião em Brasília para discutir o decreto que muda a estrutura da Fundação Nacional do Índio (Funai). No entanto, pelo menos temporariamente, a ameaça foi suspensa.
Uma reunião realizada durante a tarde na sede da Funai em Curitiba contou com a participação de indígenas e representantes do Ministério Público (MP) e do governo estadual. No encontro, ficou definido que um documento oficial será enviado ao presidente Lula, solicitando uma audiência com os índios. Segundo informações da ONG Aldeia Brasil, o deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB), integrante do mesmo partido do governador Roberto Requião, será o responsável pelo envio do pedido formal.
O motivo da revolta dos índios é o decreto assinado pelo presidente no fim de dezembro, prevendo a reestruturação da Funai. A principal reclamação é que, com o decreto, alguns postos indígenas, como o de Curitiba, seriam fechados.
Desde a terça-feira, aproximadamente 50 índios ocupam a sede da Funai na capital paranaense, também em protesto contra o decreto. Segundo o coordenador de comunicação da Aldeia Brasil, Oswaldo Eustáquio, cerca de mil índios estão em Brasília aguardando uma reunião com o presidente Lula. "Na quarta-feira, mandaram um representante da secretaria geral da Presidência para falar com os índios. Mas eles não querem ser recebidos por representantes, querem conversar pessoalmente com o Lula, que é o único que tem autoridade para revogar o decreto", explica.
"Para pressionar o governo, os caciques disseram para os índios começarem a juntar madeira ao redor das torres de energia. Com o pedido de audiência enviado, a queima fica adiada", garante Eustáquio.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do gabinete da Presidência informou que não há previsão de uma audiência de Lula com os índios porque após a reunião da secretaria geral com os indígenas não houve nova solicitação de audiência.
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