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A mãe da vítima (segunda a partir da esquerda) e a noiva (ao centro) participaram de passeata pedindo paz na cidade | Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo
A mãe da vítima (segunda a partir da esquerda) e a noiva (ao centro) participaram de passeata pedindo paz na cidade| Foto: Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo

Reagir é perigoso, avisa delegado

Pelo menos outras três pessoas foram mortas por assaltantes nos últimos três meses em Curitiba, ao terem gestos interpretados como reação. Em 5 de agosto, o empresário José Niczay Sobrinho, dono da Churrascaria Nick Costela no Rolete, no bairro Bigorrilho, foi morto por ladrões em frente ao restaurante. O comerciante Antônio Nazário, 52 anos, dono do Bar e Lanchonete do Toninho, na Vila Guaíra, foi assassinado no dia 12, também supostamente por reagir a um assalto. Na última sexta-feira, Diego dos Santos Vieira Xisto, 22 anos, foi morto com dois tiros na cabeça no bairro Cachoeira, em Curitiba. Ele voltava para casa com a namorada, por volta das 2 horas, quando foi abordado por dois homens armados e teria reagido.

O delegado titular da Delegacia de Furtos e Roubos de Curitiba, Luiz Carlos de Oliveira, lembra que ninguém está preparado para os assaltos, mas as vítimas devem tentar manter o controle. "Mesmo com o susto, evitem qualquer movimento brusco", orienta. "Não se deve fazer nada, a não ser que o bandido peça. Mostrem sempre as mãos a ele. Após o roubo, entre em contado com a Polícia Militar ou a Polícia Civil para que as providências sejam tomadas", recomenda. (AS)

Cerca de 200 pessoas, entre amigos e parentes do jovem Jorge Guilherme Marinho Martins, 26 anos, morto por um assaltante há uma semana, em Curitiba, saíram em passeata ontem, por volta das 19h15, da casa dele, na Rua Briga­dei­ro Franco, até a igreja do Sagra­do Coração de Maria, na Avenida Ge­­tú­­lio Vargas, em Curitiba. Vestin­­do camisetas brancas e portando rosas, velas e balões, os manifestantes levaram faixas e cartazes pedindo paz e cantaram a música A Amizade, da banda Fundo de Quintal.

A ideia da passeata partiu da bióloga Letícia Larcher Carvalho, amiga de Guilherme e da noiva dele, Jéssica Andrade Casas, 21 anos, que foi baleada no ombro e teve alta na terça-feira. "Não é porque ele é filho do comandante [do Corpo de Bombeiros, coronel Jorge Luiz Thais Martins], mas porque ele era muito querido, todo mundo se lembra de seu forte abraço", disse Letícia. "Em vez de ficarmos tristes com a perda de um amigo e mandarmos uma coroa de flores, decidimos fazer alguma coisa para chamar a atenção da sociedade", acrescentou.

A relações-públicas Priscila Souza, também amiga do casal, afirmou que a intenção é não deixar a impunidade prevalecer. "Queremos mostrar que não estamos acomodados", disse. Carlos Eduardo Bonatto, primo de Gui­lherme, lembrou que assassinatos ocorrem todos os dias. "O caso dele teve repercussão porque o pai dele era uma pessoa importante", avaliou.

Letícia e Priscila defenderam o aumento do efetivo policial como uma das medidas necessárias para conter a onda de violência, mas não a única. Para elas, a falta de educação básica, de estrutura familiar, de emprego e de renda são algumas das causas da violência. Às 19h35, ao chegar à igreja, os manifestantes soltaram os balões. Para a mãe do jovem assassinado, Graça Maria Marinho Martins, a violência reflete "falta de amor". "Se as mães que estão com os filhos nos presídios estivessem com eles dando amor, eles não estariam lá e crimes como esse não teriam acontecido", afirmou.

O crime

Guilherme e Jéssica foram abordados por um assaltante às 6h30 da quinta-feira passada, dentro de um Gol em frente à casa dela, no bairro do Boqueirão, quando voltavam de uma festa. Segundo Letícia, ao sair do carro Jéssica ficou presa no cinto. Quando o assaltante tentou desvencilhá-la do equipamento, a arma disparou acidentalmente. Guilherme, que já estava fora do carro, tentou defender a noiva e morreu baleado.

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