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Quem procura uma agência de casamento é porque tem dificuldades de se apaixonar naturalmente, certo? Errado. Uma pesquisa inédita no Brasil mostra que, ao contrário do senso comum, pessoas que procuram ajuda profissional na hora de achar um parceiro têm mais semelhanças do que diferenças em relação ao perfil dos que não utilizam esse recurso.

Das dez variáveis verificadas pelo Núcleo de Análise do Comportamento do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), apenas em três critérios houve diferenças significativas entre os dois grupos. A pesquisa foi feita no ano passado com 226 pessoas.

Segundo a coordenadora da pesquisa, professora Lídia Weber, é comum achar que as pessoas que recorrem a uma agência de casamento são tímidas, problemáticas e menos competentes no campo afetivo. Este, porém, não foi o perfil real comprovado pela análise. De acordo com a pesquisadora, há poucas diferenças entre os dois grupos, mas quando elas ocorrem são de tendências mais positivas, no geral, para os agenciados.

Os dois grupos se comportam de forma similar, por exemplo, nos quesitos timidez e sociabilidade. "Não sou tímida, sou reservada e bastante sociável. Só busquei a agência porque é mais direcionada ao que procuro", afirma Maria (nome fictício), 45 anos, cliente da Agência de Casamentos Par Ideal, empresa em que foi selecionado o grupo de agenciados analisados pela pesquisa.

No item assertividade (capacidade de se afirmar em interações sociais), os agenciados chegaram a ter uma pontuação maior do que a do outro grupo. Mas, quando o assunto é auto-estima, a pontuação maior foi das pessoas não agenciadas – 64% têm auto-estima elevada contra 22% dos agenciados. Segundo Lídia, as pessoas assertivas geralmente têm também boa auto-estima. O resultado controverso pode ser explicado, segundo ela, justamente pelo preconceito social que há em relação a quem procura uma agência de casamento. "Elas acabam se sentindo mal e isso diminui a auto-estima", afirma.

O estilo de amor dos dois grupos também foi analisado e trouxe conclusões interessantes. Verificou-se que, entre os não-agenciados, há uma predominância maior do amor "Eros", ligado à magia e à paixão à primeira vista. Segundo a pesquisa, 52% dos não-agenciados demonstraram ter tendência a esse tipo de amor, contra 16% do outro grupo.

O agenciado Sílvio (nome fictício), 55 anos, é um exemplo típico desse resultado. "Amor à primeira vista não dá certo. Com o tempo você começa a perceber que tem de fazer uma série de concessões. Pela agência, você vai direto ao ponto. É mais objetivo", diz.

Já a advogada Priscila Claúdia de Oliveira Pereira, 31 anos, pensa diferente. Ela se casou com o advogado Vilton Fernando Cioffi Barbosa, 30 anos, na última quinta-feira e está feliz da vida. "Nos conhecemos num churrasco, há três anos, e foi amor à primeira vista", conta.

Os agenciados pesquisados são mais racionais e demonstraram ter, na maioria, perfil de amor "Pragma", em que as pessoas examinam, antes de se envolver, os pretendentes para ver se eles atendem a uma série de expectativas. Ou seja, eles sabem exatamente como e o que querem. "Os não-agenciados são românticos e esperam o príncipe bater à porta, os agenciados são mais pragmáticos e realistas e vão ao baile e tiram o príncipe para dançar. Em um relacionamento a longo prazo, levar algumas características pragmáticas tem tudo para dar certo", resume Lídia.

"Não quero perder tempo com quem não tem nada a ver comigo. Não dispenso o romantismo, mas acho que sou mais racional, objetiva e sei quais as qualidades principais que procuro em um homem", conta a administradora e cliente da agência Par Ideal, Valéria (nome fictício), 33 anos. De acordo com os dados, 30% dos agenciados pré-determinam o parceiro ideal, contra 20% do outro grupo.

Além dessas características básicas, revelou-se na pesquisa, também, que os agenciados têm tendência ao amor "Ágape", em que há preocupação em auxiliar os parceiros a resolver seus problemas. Já os não-agenciados têm uma tendência levemente maior ao amor "Mania", caracterizado por ciúme e possessividade.

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