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Tumulto em 63 aeroportos põe mais uma vez em xeque a credibilidade do sistema aéreo | André Lessa/AE
Tumulto em 63 aeroportos põe mais uma vez em xeque a credibilidade do sistema aéreo| Foto: André Lessa/AE

Paliativo

Ônibus faz o transporte na falta de aviões

O cancelamento e os atrasos da TAM também afetaram os passageiros que embarcariam em Curitiba no domingo à noite. No terminal Afonso Pena, em São José dos Pinhais, havia grandes filas e salas de embarque lotadas. As chuvas, segundo a TAM, afetaram operações em Congonhas e Guarulhos (São Paulo), Viracopos (Campinas) e Santos Dumont e Galeão (Rio), o que teria prejudicado a malha aérea e a escala da tripulação, atingindo 63 aeroportos em todo o país.

Em São José dos Pinhais, um dos principais problemas foi o cancelamento do voo que iria para Congonhas, às 20 horas. Segundo os passageiros, a companhia não tinha certeza de que o voo para Guarulhos, previsto para mais tarde, teria vagas suficientes e também não garantia o embarque, com o mesmo destino, para o dia seguinte. A solução oferecida pela TAM foi um ônibus, com 28 lugares, que não chegou a lotar e que saiu por volta das 21 horas de Curitiba.

"Preferi enfrentar seis horas de viagem, não poderia me arriscar porque tinha um compromisso bem cedo", comentou Eduardo Rigo, 38 anos. Consultor de recursos humanos, ele já tinha enfrentando um atraso de pouco mais de duas horas no voo na vinda e na volta, chegou às quatro horas da manhã em casa. "Acordei às 5h30", disse.

Fernando Viel, 28 anos, viajou no mesmo ônibus. "Descobri que eles tinham de me colocar em outro voo, mesmo que fosse de outra companhia, mas às 20 horas de um domingo", explicou. Ele foi à capital paulista a trabalho e estava preocupado com o retorno previsto para o fim da tarde de ontem.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) suspendeu ontem a venda de bilhetes da companhia aérea TAM para todas as rotas domésticas com decolagem prevista até sexta-feira, dia 3. A punição é por causa do cancelamento de 72 voos e atraso em outros 114 de um total de 624 programados para o último domingo. As ocorrências registradas em 63 aeroportos causaram transtornos em todo o país, segundo a Infraero. Com suspensão na venda de passagens, a Anac pretende evitar novos problemas para os passageiros. A expectativa é de que a situação se normalize até amanhã. Do contrário, novas medidas serão adotadas.Só ontem, 166 voos domésticos foram cancelados em todo o país, de um total de 1.883 viagens programadas, de acordo com balanço divulgado às 18 horas pela Infraero (estatal que administra os aeroportos). A maioria deles é da TAM. Dos 641 embarques programados pela empresa, 103 foram cancelados até esse horário. A Gol teve 40 cancelados de um total de 612. As demais empresas aéreas não registraram cancelamentos até as 18 horas.

Dos 126 voos internacionais previstos, seis haviam sido cancelados. O aeroporto Congo­­nhas (zona sul de São Paulo) teve 40 voos domésticos cancelados de um total de 185 previstos até as 18 horas. Em Cumbica houve 17 cancelamentos de um total de 163 voos previstos. No Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, até as 16 horas foram registrados oito cancelamentos e 19 atrasos do total de 159 programados, números considerados normais pela Infraero.

Em nota divulgada ontem, a empresa apontou como causa dos problemas as chuvas que ocorreram entre a noite de quinta-feira e a madrugada de sexta-feira na região Sudeste. A TAM alega que os atrasos e cancelamentos são decorrência de remanejamentos na malha aérea. "Assim, parte significativa de nossa tripulação foi deslocada para outros aeroportos, o que teve impacto na escala de trabalho para o último fim de semana e o dia de hoje [segunda-feira]", diz a nota.

Além da suspensão na venda de passagens, a Anac iniciou uma auditoria na empresa, enviando inspetores para o centro de operações da companhia e para aeroportos de São Paulo. Até que seja concluída a auditoria, no prazo estimado de uma semana, também ficam suspensos todos os pedidos de acréscimos de voos para a TAM.

Desde agosto a Anac acompanha semanalmente as escalas das tripulações das companhias aéreas, por meio de relatórios enviados pelas empresas. A auditoria na TAM visa verificar se os números encaminhados condizem com a situação atual, uma vez que não eram previstos problemas com a carga horária dos tripulantes informada pela companhia.

Em setembro, a Webjet também foi punida com a suspensão da venda de passagem por ter cancelado quase metade de seus voos em um só dia. A medida da empresa visava evitar que a tripulação ultrapassasse o limite de trabalho permitido por lei, de 85 horas mensais. Na época, o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) alertava que todas as empresas aéreas trabalham muito próximo do limite de horas voadas permitido por lei. A situação mais crítica, segundo o presidente do sindicato, Gelson Fochesato, era a da TAM. "Vai chegar o momento em que isso vai acontecer com a TAM também", previu.

Na nota de ontem, a empresa afirmou que conta com um efetivo de tripulantes suficiente para atender as operações diárias, em média de 840 voos. Ao todo, são 8.350 tripulantes, entre comandantes, copilotos e comissários. "Nossa prioridade é operar em total segurança e com respeito à Lei do Aeronauta, com seus limites de jornada, horas mensais e folgas."

Força-tarefa tenta evitar transtorno no fim do ano

As seis maiores companhias aéreas brasileiras (TAM/Pan­­tanal, Gol/Varig, Azul, Webjet, Avianca e Trip), a Infraero, a Polícia Fe­­deral, a Receita Federal e o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (De­­cea), da Aero­­náutica, se comprometeram on­­tem, em reunião com a Agência Nacional de Avia­­ção Civil (Anac), a tomar medidas visando o bom funcionamento do setor e o atendimento aos passageiros durante o período de fim de ano.Entre as providências do setor estão a disponibilização de aeronaves reserva, o aumento das equipes de atendimento e equipamentos da Infraero, a ocupação de todas as posições de check-in das companhias nos horários de pico, o incentivo ao check-in pela internet ou totens nos aeroportos, a proibição de overbooking, o endosso de passagens entre as empresas e o aumento da fiscalização da Anac, em especial sobre os direitos dos passageiros.

Overbooking

Devido à queda do dólar, as agências de viagens estão prevendo um movimento maior que o ano passado. "Para algumas rotas in­­ternacionais já está difícil encontrar passagens", diz o diretor da agência Florida, de Curitiba, Edson Silva. De acordo com An­­dré Macias, da Meridiano Via­­gens e Turismo, uma dica para evitar transtornos é chegar com antecedência ao aeroporto. No caso de overbooking, por exemplo, são os passageiros que chegam em cima da hora que acabam ficando fora do voo.

Serviço:

Passageiros podem procurar a Anac durante 24 horas, a partir de qualquer localidade, através dos seguintes meios:

Telefone gratuito 0800-725-4445 (inclusive em inglês e espanhol)

Internet: www.anac.gov.br/faleanacO passageiro também pode consultar se o voo foi cancelado ou está atrasado através do site da Infraero: http://www.infraero.gov.br/voos/index.aspx

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