• Carregando...
Mesmo com pouca água, a professora Rosana Gonçalves limpou sua casa ontem, na região central de Antonina. Não há previsão para o abastecimento ser normalizado | Walter Alves/Gazeta do Povo
Mesmo com pouca água, a professora Rosana Gonçalves limpou sua casa ontem, na região central de Antonina. Não há previsão para o abastecimento ser normalizado| Foto: Walter Alves/Gazeta do Povo

Precaução

Alguns cuidados devem ser tomados na hora de limpar a casa:

- O contato da pele com água e barro pode causar leptospirose, hepatites virais e diarreias. Deve-se usar luvas e botas plásticas.

- Lave e faça desinfecção de utensílios e caixa-d’água. Não use água de fontes naturais e poços rasos depois de enchentes.

- Trate a água para consumo ou preparo de alimentos. Para cada mil litros, utilize 100 ml de hipoclorito de sódio a 2,5% ou de água sanitária, o que equivale a dois copos de café descartáveis.

- Inutilize alimentos ou medicamentos que entraram em contato com a água da enchente.

Três rodovias ainda têm 21 pontos críticos

Três rodovias estaduais que levam ao litoral do Paraná têm 21 pontos críticos, segundo levantamento do Departamento de Estra­das de Rodagem do Paraná (DER) divulgado ontem. Os pontos afetados estão nas PRs 340 (Anto­nina – Cacatu – Bairro Alto), 410 (BR-116 – São João da Graciosa – Antonina) e 408 (BR-277 – Mor­retes – PR-410). O DER alerta que acidentes podem ocorrer até que o terreno volte a ter estabilidade.

O tráfego no quilômetro 26 da BR-277 foi liberado em mão dupla às 14 horas de ontem. O quilômetro 673 da BR-376, no sentido Paraná-Santa Catarina, também teve mais uma pista liberada.

A ferrovia que liga o Porto do Paranaguá ao interior foi liberada às 14 horas de ontem. Foram seis pontos de interdição: dois entre Marumbi e Morretes e quatro até Paranaguá. Segundo a concessionária América Latina Logística (ALL), cerca de mil vagões, que aguardavam nos pátios de Curitiba e Ponta Grossa, já estão sendo direcionados para o porto.

Casas

Árvores serão usadas na reconstrução

O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) poderá autorizar a utilização das árvores derrubadas durante a enxurrada no litoral do estado para a construção de casas e estruturas que foram destruídas. A informação é do presidente do IAP, Luiz Tarcísio Mossato Pinto, que esteve ontem no litoral. "A intenção é licenciar esse material para que a população possa utilizar para reconstruir as estruturas que foram destruídas", disse. O órgão também está estudando licenciamentos para a retirada e utilização da argila acumulada apó os deslizamentos.

Na zona rural de Morretes, moradores procuravam ontem pertences sobre uma vasta área de árvores derrubadas. Um grupo de especialistas em resgate na montanha procurava a casa e os documentos de um amigo que foi retirado do local de helicóptero da comunidade de Floresta, segundo o telejornal ParanáTV 2ª Edição.

Um novo deslizamento de terra na região do bairro Quilômetro 4, em Antonina, voltou a prejudicar o abastecimento de água ontem na cidade. O deslizamento ocorreu por volta das 3 horas da madrugada, em um morro que está instável desde o último sábado, nas proximidades da PR-408, no acesso a Antonina. O sistema de abastecimento foi interrompido em 40% do município. Além do Quilômetro 4, outros seis bairros ficaram sem água: Centro, Barigui, Saivá, Caixa D´Água, Tucunduva e Batel. Os prejuízos causados pela chuva no litoral, de acordo com a Defesa Civil, já chegam a R$ 104 milhões.Segundo o Serviço Autô­no­­mo Municipal de Água e Esgoto (Sa­­mae), não há previsão para o serviço terminar na região do Quilô­­metro 4. O abastecimento também foi prejudicado porque dutos de captação em morros estouraram devido à pressão causada por outros deslizamentos. O Samae informou que a concessionária de ferrovias América Latina Logística (ALL) vai doar trilhos que serão utilizados para escorar os canos.

Mesmo com a instabilidade no abastecimento (na quarta-feira o Samae teve de paralisar o fornecimento porque o volume nos reservatórios reduziu rapidamente), pessoas que tiveram suas casas afetadas tentavam ontem retirar a sujeira com pás e rodos. Pela ma­­nhã, a professora Rosana Gonçal­­ves e o marido Marcos tiravam o barro de dentro de casa e lavavam um sofá. O casal mora na região central de Antonina, onde várias ruas foram afetadas. Apesar de a casa estar bastante suja – havia baratas e ratos mortos –, a família continua dormindo no local. "A gente só quer água para limpar a casa. Com isso, já conseguiríamos levar a vida", diz Rosana, que está sem trabalhar por causa da paralisação das aulas.

Na casa do autônomo Hezron Cecyn, só aparelhos eletrônicos e portáteis se salvaram. Ele e o filho dormem dentro do carro, um Gol, onde também ficam roupas e mantimentos. O colchão que utilizam no banco traseiro foi doado por um amigo. "Daqui a pouco tem uma epidemia de leptospirose e ninguém foi vacinado", diz Hez­­ron. Segundo a prefeitura, não foram registrados casos da doença. O secretário municipal de Saúde, José Paulo Vieira Azim, diz que haverá vacinas para a população, mas não sabe quando.

Quatro retroescavadeiras e oito caminhões retiram a lama das ruas da cidade. Segundo a Secretaria Municipal de Obras, 95 homens trabalham na limpeza, 30 deles cedidos pelo governo do estado.

Entre os setores mais prejudicados pela chuva no estado estão a habitação, com prejuízos de R$ 60,152 milhões, estradas (R$ 11,752 milhões) e áreas agrícolas (R$ 10,063 milhões). Pelo menos 461 pessoas estão abrigadas em escolas e igrejas. Desde o início das chuvas, 2.499 pessoas ficaram desabrigadas e 14,3 mil desalojadas. O total de residências danificadas no estado chega a 3,9 mil. Quatro pessoas morreram: duas em Antonina, uma em Morretes e uma em Honório Serpa, no Su­­doeste do estado.

Abrigo tem piscina de bolinha e cama elástica

Entre as cidades afetadas pela chuva, Antonina é a que tem o maior número de pessoas em abrigos – 267, segundo boletim de ontem da Defesa Civil do Paraná. O número, no entanto, pode ser maior. A reportagem percorreu ontem cinco locais que servem como abrigo e constatou a presença de 338 pessoas: Escola Municipal Gil Feres (cerca de 190 pessoas), Igreja Batista (75), Pres­biteriana (20), Escola Municipal Moysés Lupion (38) e Igreja Adven­tista (15). De acordo com a Defesa Civil, a cidade tem ainda 6 mil desalojados e cerca de 7,5 mil pessoas afetadas.

No abrigo da escola Gil Feres, dez salas de aula servem para alojamento e outros locais foram separados para armazenar água, mantimentos e produtos de limpeza e higiene. Em uma das salas, roupas e calçados doados são organizados para serem distribuídos. Quinze voluntários atuam na escola, além de serventes, merendeiras e professores. A prefeitura cedeu uma cama elástica para as crianças, uma piscina de bolinha e uma mesa de pingue-pongue.

O horário máximo de retorno ao abrigo é às 22 horas e há avisos espalhados pela escola, como o de não fazer refeições nos "quartos". O professor Maurício Peixoto conta que os alojados estão colaborando. "Eles têm consciência de que essa é a casa deles por tempo indeterminado". Homens e mulheres não foram separados. "Preferimos deixar as famílias juntas. Não tem sentido separá-las em um momento em que um precisa do outro".

Morretes

Os bombeiros e a Defesa Civil evacuaram ontem a localidade de Pindaúva, próxima à comunidade Martha. Técnicos da Minerais do Paraná S/A (Mineropar) detectaram uma fenda no morro, que colocaria em risco as 60 pessoas que moram em 15 casas na área. Os moradores foram encainhados para a Escola da Martha, perto da BR-277. Segundo boletim de ontem da Defesa Civil, na região de Morretes há 8 mil desalojados e 60 pessoas em abrigos. Pelo menos 15.178 pessoas foram afetadas.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]