Para aumentar o controle sobre a venda dos medicamentos de tarja preta e evitar que eles acabem no mercado negro, sendo comercializados ilegalmente, no início do ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) começou a implantar um novo sistema, que possibilita o cadastramento online de informações sobre a movimentação destas mercadorias em todo o país. Por enquanto, somente farmácias e drogarias fazem parte do sistema, mas o objetivo é incluir também as indústrias farmacêuticas e as distribuidoras.
Quando estiver pronto, o banco de dados deverá substituir o sistema existente, no qual os registros são feitos manualmente, e facilitar o trabalho das equipes municipais de vigilância sanitária, responsáveis pela fiscalização deste comércio. "Alguns destes procedimentos já estão integrados ao novo sistema, como o registro diário de entrada e saída dos medicamentos nas farmácias e drogarias, mas ainda falta incluir os balancetes trimestrais, que apontam as estatísticas relacionadas ao consumo destes medicamentos no Brasil", explica o farmacêutico Paulo Costa Santana, funcionário da Vigilância Sanitária Municipal de Curitiba.
Ele diz acreditar que quando o sistema estiver funcionando integralmente, o que deve acontecer já no ano que vem, o consumo indevido de medicamentos controlados deve cair drasticamente. "A integração e o cruzamento de dados dificultarão o comércio paralelo", afirma.
A grande procura por esses medicamentos no mercado negro se deve à dependência química causada pela sua ação no sistema nervoso central, como explica o professor de Farmacologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Marcelo Sato. "Alguns medicamentos, como os derivados da morfina, fazem com que o paciente tenha uma sensação de bem-estar porque ele se livra da dor ou de outros sintomas que o incomodam. Mesmo quando ele já não precisa mais do medicamento para seu tratamento, ele tenta comprar porque acha que não consegue mais viver bem se não estiver sob o seu efeito", completa.
O principal risco de consumir os medicamentos controlados sem ter a devida prescrição médica é a superdosagem, que em alguns casos pode até levar à morte, principalmente se ingeridos com outras substâncias, como o álcool. "A maioria desses medicamentos que causam dependência também provoca tolerância do organismo. Ou seja, o paciente precisa de doses cada vez maiores para obter o mesmo efeito", explica o professor de Psiquiatria da Universidade Federal do Paraná Osmar Ratzke. Além disso, grande parte dos medicamentos controlados pode causar outros efeitos colaterais, como alteração de comportamento e perda de concentração.
- Quadrilha fazia tráfico de remédios tarja preta
- Distribuidora e farmácias da RMC estariam no esquema
-
Mais de 400 atingidos: entenda a dimensão do relatório com as decisões sigilosas de Moraes
-
Leia o relatório completo da Câmara dos EUA que acusa Moraes de censurar direita no X
-
Revelações de Musk: as vozes caladas por Alexandre de Moraes; acompanhe o Sem Rodeios
-
Mundo sabe que Brasil está “perto de uma ditadura”, diz Bolsonaro
Proposta do Código Civil chega nesta quarta ao Senado trazendo riscos sociais e jurídicos
Método de aborto que CFM baniu é usado em corredor da morte e eutanásia de animais
Anteprojeto do novo Código Civil será apresentado no Senado nesta semana
ONGs do movimento negro pedem indenizações cada vez mais altas em processos judiciais