A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai tentar reverter pontos do parecer da Advocacia Geral da União (AGU) que restringe a atuação da agência na concessão de patentes de medicamentos. O diretor-presidente em exercício da Anvisa, Dirceu Barbano, afirmou que inicia nesta sext-feira (4) uma rodada de reuniões com vários setores envolvidos, incluindo o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e a própria AGU, para modificar pontos que, em sua avaliação, "fragilizam" o Estado brasileiro na área de medicamentos.

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"Temos de ser muito rigorosos na concessão da patente. Há questões de cunho de saúde que podem ajudar muito no debate", disse Barbano. No mês passado a AGU divulgou um parecer final sobre uma briga que há anos se arrastava entre Anvisa e INPI sobre as atribuições de cada instituição na avaliação de processos de patente de remédio.

Até então, a Anvisa atuava como uma espécie de "revisora" dos processos aprovados pelo INPI. Algo que provocava irritação do instituto. O parecer da AGU restringiu os poderes da Anvisa. Determinou que a agência somente pode analisar aspectos de risco à saúde. Uma determinação que, de acordo com Barbano, nem sempre pode ser cumprida.

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A restrição de poderes da Anvisa foi considerada por organizações não-governamentais como um retrocesso na área de saúde. Ontem, 15 entidades apresentaram uma denúncia contra o Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), sob o argumento de que a decisão viola obrigações internacionais do País em relação ao direito à saúde. Isso porque, afirmam, a Anvisa faz análises mais rígidas do processo, impedindo a concessão de patentes indevidas. Algo que, na prática, abre caminho para produção de versões genéricas de remédios, muito mais baratos do que os de marca.

Hoje, foi a vez de Médicos sem Fronteiras emitir um comunicado, defendendo a reconsideração da AGU. Ontem, o ministro da Saúde afirmou que não considerava o parecer como uma mudança de política. Embora preferindo um discurso de "procura de diálogo e entendimento", Barbano assegura ser importante preservar algumas atribuições da Anvisa, justamente para manter o rigor na análise.

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