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Curitiba – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demorou, mas aos poucos vai definindo o Ministério para o seu segundo mandato. Apesar de todo o alarde, o presidente mudou apenas nove peças, das 35 cargos com status de ministro. Na sexta-feira tomaram posse o deputado federal Reinhold Stephanes (PMDB-PR), na Agricultura; a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT-SP), no Turismo; e Walfrido dos Mares Guia (PTB-MG), nas Relações Institucionais. Agora já são 30 nomes confirmados.

A escolha do ocupante da Agricultura foi cercada de denúncias e críticas. A primeira opção foi o deputado federal Odílio Balbinotti (PMDB-PR). O paranaense foi convidado por Lula, mas as denúncias contra o parlamentar – Balbinotti responde a processo no Supremo Tribunal Federal por falsidade ideológica, movida pelo Ministério Público de Mato Grosso – o levaram à desistência.

A segunda opção de Lula para agricultura, Stephanes, não era o preferido da bancada ruralista. No discurso de posse de Stephanes, o presidente mandou o ministro não dar bola para os ruralistas e atender não só quem tem dinheiro para ir a Brasília pedir apoio, mas também ir até os pequenos produtores.

O presidente teve que agradar, no novo Ministério, aos 11 partidos que fazem parte da base aliada – PT, PMDB, PSB, PR, PP, PTB, PDT, PV, PC do B, PRB e PSC. Para o cientista político Adriano Codato, da Universidade Federal do Paraná, a formação do Ministério é resultado da necessidade de Lula compor uma base parlamentar. "Isso é um traço típico do sistema parlamentarista. No presidencialismo brasileiro esses acordos, cujo resultado prático é um fatiamento do primeiro escalão, devem-se ao fato de o partido do presidente, o PT, não ter maioria no Congresso", diz Codato. O cientista político lembra que em outros países essa prática é comum. "Gabinetes ministeriais são distribuídos aos apoiadores políticos. Só que com uma diferença: segundos, terceiros, quartos escalões não são loteados também, o que garante um nível mínimo de racionalidade na administração pública. É a velha história: no Brasil as coisas não são diferentes, são apenas muito piores."

Com a reforma ministerial, o PMDB ganhou espaço em pastas importantes – Saúde, Integração Nacional, Agricultura, Comunicação e Minas e Energia. O partido pode ficar ainda com a Previdência, caso o presidente desista de repassar a pasta para o PDT. Carlos Lupi, presidente do PDT, é um dos cotados para o cargo. A oposição alega que a indicação serviu para frear a votação dos pedetistas contra o governo no Congresso, no caso da CPI do Apagão Aéreo. O PDT mandou seus parlamentares votarem contra a criação da CPI.

O partido do presidente, o PT, ainda domina 15 cargos no primeiro escalão. Mas os petistas não gostaram de ver o PMDB receber tantos agrados de Lula.

Segundo Ricardo Caldas, cientista político da Universidade de Brasília, a presença do PMDB vai beneficar o segundo governo de Lula. "O Ministério para o segundo mandato é superior ao do primeiro. O presidente cedeu menos ao seu partido. Parece-me um Ministério mais profissional. A diferença é a presença do PMDB. O partido vai dar mais estabilidade ao governo", afirma Caldas.

Últimos nós

A crise aérea no país colocou em risco a manutenção do ministro Waldir Pires na Defesa. O governo teria sondado o ex-presidente da Câmara Aldo Rebelo (PC do B-SP) para o cargo. O presidente do partido comunista, Renato Rabelo, nega o convite. Caso confirme a indicação de Aldo, o PC do B espera manter Orlando Silva no Esporte. A pasta terá muito visibilidade por causa dos Jogos Pan-Americanos no Rio, no meio do ano.

Quase quatro meses após a posse de Lula para o segundo mandato, a reforma ministerial que ele prometera ser rápida – Lula tirou férias, aguardou a eleição na Câmara e a escolha do presidente do PMDB –, ainda não chegou ao fim.

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