• Carregando...
Pesquisa mostra que adolescentes têm contato precoce e ilegal com o cigarro | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Pesquisa mostra que adolescentes têm contato precoce e ilegal com o cigarro| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo
  • Veja as capitais com maior proporção de adolescentes que experimentaram cigarros

Metade dos adolescentes com idades entre 13 e 15 anos já comprou cigarro, apesar de o país dispor de lei federal que proíbe a venda do produto para menores de idade. Entre as meninas, o porcentual é um pouco maior – 52,6% ante 48,1% para os meninos. Em algumas capitais, o índice de jovens que nunca foi impedido de comprar cigarros ficou muito acima da média – em Maceió, o porcentual chegou a 96,7%; em Fortaleza, a 89,9%; e em Salvador a 88,9%.Os dados fazem parte do livro A situação do tabagismo no Brasil, que o Instituto Nacional de Câncer (Inca) divulgou ontem, no Dia Nacional de Combate ao Fumo. O material reúne dados de pesquisas do Sistema Inter­nacional de Vigilância do Taba­gismo da Organização Mundial da Saúde realizadas no Brasil, entre 2002 e 2009.

Liz Almeida, gerente da Divisão de Epidemiologia do Inca, lembra que as leis já existem e são claras – proíbem a venda de cigarros para adolescentes, inclusive a comercialização por unidades. "Não é possível que os órgãos competentes deem conta de fiscalizar todos os bares, padarias, bancas de jornal. Acho que não cabe uma ação coercitiva. Mas cabe a nós, cidadãos, chegar junto ao dono do estabelecimento e falar sobre os motivos da proibição, lembrar que para o jovem desenvolver essa dependência significará o surgimento precoce de doenças cardiovasculares, respiratórias e câncer, que vão tirar a vida dele mais cedo do que deveria", afirmou.

Para a organização não governamental Aliança de Controle ao Tabagismo (ACT), é preciso restringir ainda mais o acesso ao cigarro. "Há uma exposição excessiva das embalagens. Elas estão ao lado de balas, chocolates, um tipo de produto atrativo para crianças ainda menores. É preciso diminuir a exposição do cigarro", afirmou a diretora-executiva Paula Johns. "Um produto que mata um a cada dois consumidores precisa ser regulado", disse.

O levantamento feito pelo Inca mostra ainda que 77,9% dos fumantes começaram com menos de 20 anos. E a baixa escolaridade está ligada ao início precoce do hábito. "Quanto menor a escolaridade, maior a quantidade de jovens que fuma mais precocemente", afirma Liz Almeida. Entre pessoas com menos de um ano de escolaridade, 40% delas começaram a fumar antes dos 15 anos. Na outra ponta, aquelas que têm mais de 11 anos de estudo, apenas 12,9% fumaram antes dos 15.

"As pesquisas mostram que não adianta apenas a escola abordar o assunto. Isso não funciona, se os adolescentes chegarem em casa e encontrarem os pais fumando, se nos outros ambientes que eles frequentam as pessoas fumam. Isso parece muito contraditório. As experiências bem sucedidas, no mundo, são aquelas em que as ações foram coordenadas para todos os ambientes", ressalta Liz Almeida.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]