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Conselho de Ética - Peres é nomeado relator de 3.º processo contra Calheiros

Pressionado por senadores de seis partidos, o presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), indicou ontem o relator para a terceira representação contra Renan Calheiros. O senador Jefferson Peres (PDT-AM) é quem se encarregará da tarefa de relatar a mais documentada denúncia contra Renan, apresentada há mais de 50 dias pelo DEM e pelo PSDB: a de que ele teria comprado empresas de comunicação em nome de laranjas, em sociedade com o usineiro João Lyra.

A escolha surpreendeu, não apenas por mostrar uma guinada de Quintanilha nos procedimentos adotados até agora, mas por recair em um nome diversas vezes rejeitado pelo presidente do Conselho. A decisão de Quintanilha ocorreu um dia após a reunião em que 19 senadores de seis partidos fixaram o prazo de 2 de novembro para votação das quatro denúncias existentes contra Renan. Se isso não ocorrer, eles ameaçam obstruir as votações nas comissões e no plenário.

Quintanilha nega que tenha sido pressionado. Diz que em nenhum minuto foi procurado pelos colegas interessados em acabar com a obstrução branca do conselho. O líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), e o senador Aloízio Mercadante (PT-SP) tiveram papel importante na escolha do relator. Eles entraram em cena, após a ameaça dos líderes da oposição, para obrigar o Conselho de Ética a retomar o julgamento das denúncias contra Renan. Temem que a decisão atrapalhe a votação da emenda constitucional propondo a prorrogação da CPMF.

Brasília – O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não teria se sensibilizado com a nova pressão exercida pelos colegas de plenário para que saia da presidência da Casa. Segundo auxiliares, Renan ainda avalia que mantém força política para permanecer no cargo e enfrentar da presidência os três processos de cassação a que já responde, e o quarto, que ainda precisa do aval da Mesa Diretora do Senado.

Ontem o peemedebista trabalhou normalmente em seu gabinete, presidiu parte da sessão plenária da Casa, mas não quis se manifestar publicamente sobre a pressão para deixar o cargo.

Renan cumprimentou os senadores presentes no plenário, leu a mensagem de chegada da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que prorroga a CPMF até 2011, mas deixou o local minutos depois de sua chegada. O gesto político teve o objetivo de mostrar que, mesmo após o "bombardeio" dos colegas, segue no comando da Casa.

Renan não está disposto a deixar a presidência, mesmo com a crescente pressão dos senadores que defendem o seu afastamento. Na terça-feira, Renan teve que ouvir por duas horas apelos sucessivos para sair do cargo. Os parlamentares – inclusive alguns do PMDB – alegam que a Casa Legislativa só vai retomar sua tranqüilidade quando Renan deixar a presidência.

A base aliada do governo apela, nos bastidores, para que Renan se afaste porque teme que o clima no Senado prejudique a aprovação da PEC da CPMF. Em conversas com interlocutores, no entanto, Renan afirma que a contribuição se tornou um "trunfo" para se manter na presidência do Senado.

O peemedebista avalia que, se deixar a presidência da Casa, o PMDB poderá ajudar a derrubar a CPMF – a exemplo do que fez a bancada com a medida provisória que criava a Secretaria de Planejamento a Longo Prazo da Presidência da República.

A CPMF seria, dessa forma, uma espécie de "barganha" de Renan junto ao Palácio do Planalto para se manter no cargo. Por esse motivo, segundo interlocutores do senador, alguns governistas estão cautelosos em defender publicamente o seu afastamento.

Decididos a tornar insustentável a situação de Renan, deputados de oito partidos lançaram ontem o Movimento Fora Renan. A idéia é promover ações de impacto até que Renan se afaste do cargo ou tenha o mandato cassado por causa dos quatro processos disciplinares a que responde no Senado. O grupo anunciou que trabalha para mobilizar a sociedade e fará manifestações semanais no Legislativo, exigindo o afastamento.

"Toda semana, teremos a quarta-feira da indignação, com atos da frente suprapartidária que pede o afastamento imediato do presidente do Senado", disse o deputado Chico Alencar (PSol-RJ). Para caracterizar que o movimento é de todo o Parlamento e não de uma das Casas apenas, ficou acertado que as manifestações serão realizadas no espaço comum da entrada principal, conhecido como chapelaria.

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