| Foto: Reprodução/

Após o confronto entre membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e policiais militares que terminou com dois integrantes dos movimento mortos e seis feridos na última quinta-feira (7), as redes sociais se transformaram em palco de um verdadeiro “conflito agrário virtual”. Várias comunidades defendem a empresa Araupel e outras tomaram partido pelo MST.

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As comunidades foram criadas bem antes do confronto, mas ganharam muitos seguidores nos últimos dias em função do agravamento do conflito. Com mais de 25 mil seguidores, a página “Sou a favor da Araupel” critica com veemência o MST e classifica seus líderes de “bandidos” e “terroristas”, além de outros adjetivos como “vagabundos” e “marginais”. Boa parte das postagens prega a violência e morte dos integrantes do movimento social.

Outra página pró-Araupel é a “Quedas do Iguaçu somos nós”, que possui mais de nove mil seguidores. A foto de capa da página mostra viaturas do Pelotão de Choque que estão em Quedas do Iguaçu para garantir a segurança da população. Além de tecer severas críticas ao MST, a página também costuma satirizar o movimento. Em uma das postatens, por exemplo, os administradores da página fizeram a seguinte postagem: “Maior tragédia ontem em Quedas do Iguaçu. O grupo de operações especiais entrou no acampamento do MST na hora da chuva, atirando sem piedade carteiras de trabalho e ofertando emprego, a maioria dos sobreviventes atravessou o lago sem encostar na água”.

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Os internautas que comentam as postagens também fizeram críticas e incentivam o confronto. Eles também fazem questão de enaltecer o trabalho da polícia e ao mesmo tempo pedir para que os integrantes deixem o movimento supostamente por terem sido enganados pelos líderes.

Em defesa do acampamento Dom Tomás Balduíno, o MST criou a página “Essa terra é nossa”, que possui quase três mil seguidores. Por orientação dos coordenadores do movimento, os integrantes dos sem-terra não respondem agressivamente as postagens. Por isso, a maior parte dos comentários postados na página que defende o MST é contrário ao próprio movimento.

As reações de internautas não se restringem apenas a Quedas do Iguaçu e qualquer postagem feita na internet sobre o assunto rapidamente vira motivo para ataques mútuos. Na tarde desta segunda-feira (11), a senadora Gleisi Hoffmann postou um artigo intitulado “Funeral de um lavrador”, no qual discorreu sobre a violência no acampamento e logo foi criticada com postagens.

“O MST não quer sobreviver da terra, eles não sabem, são como gafanhotos, eles invadem, o governo dá terra pra eles, eles vendem e vão pra outra invasão”, comentou um internauta. Um dos poucos que saiu em defesa do MST escreveu que “é triste vermos nossa terra sendo regada pelo sangue de homens e mulheres que não almejam riqueza e nem poder, apenas querem viver dignamente e em paz”.

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O tenente-coronel Washington Lee Abe, comandante da Polícia Militar na região, disse que os conflitos virtuais estão sendo monitorados. “Nós estamos monitorando e não somos pró-Araupel, nem pró-MST. Estamos aqui para defender a população”, disse. Segundo ele, a polícia não foi deslocada para Quedas do Iguaçu para fazer guerra, mas para promover a paz.

Oficial da PM vira “herói” em Quedas do Iguaçu

O comandante regional da Polícia Militar virou “herói” para os moradores da cidade que não simpatizam com o MST. Durante o fim de semana, no evento “A PMPR quer o cidadão mais próximo”, o coronel Lee foi assediado por uma multidão que fazia questão de tirar fotos com o oficial. Pelas redes sociais, imagens do comandante são compartilhadas centenas de vezes. Em uma delas, com mais de 1.300 compartilhamentos, sobre a imagem de Lee aparece a inscrição “Herói brasileiro, botando para quebrar em cima dos marginais do MST”. Em outra foi colocado um selo sobre a imagem como se fosse um certificado de que o oficial é “100% anticomunista”.

O coronel Lee afirmou que ficou lisonjeado com a receptividade da população. “Achei muito carinhoso por parte da população, fico lisonjeado, mas não viemos para cá atrás de fama ou de fotos”, afirma o comandante.