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As obras de recuperação das características originais da histórica ponte sobre o Rio São João, na Ferrovia Curitiba-Paranaguá, vão ser simbolicamente entregues na próxima quinta-feira, mais de um ano depois do acidente que a destruiu parcialmente. Uma comitiva de cerca de 50 pessoas, entre autoridades, jornalistas e representantes da América Latina Logística (ALL), a concessionária que administra o trecho da estrada de ferro, devem viajar de trem até a ponte para fazer a reinauguração oficial.

A ponte do São João foi parcialmente destruída na madrugada de 19 de julho de 2004, quando 35 vagões despencaram de seus 55 metros de altura e a danificaram. Vinte e dois dias depois, obras emergenciais colocaram a estrutura em condições de receber o tráfego dos trens. Mas a restauração da ponte, de acordo com a estética original, teve de esperar mais tempo.

A ALL, responsável pelo trem que causou o acidente, investiu R$ 6 milhões no restauro da ponte. Para isso, a empresa contratou uma empresa especializada neste tipo de trabalho, a Roca Engenharia, que já havia trabalhado, por exemplo, no projeto de recuperação da ponte Hercílio Luz, em Florianópólis.

"Procuramos respeitar ao máximo o projeto original da ponte", assegura o diretor de relações corporativas da ALL, Pedro Roberto de Almeida. Algumas características originais, porém, tiveram de ser modificadas, reconhece Almeida. O aço usado na ponte era belga. Nas obras de restauro, foi usado um tipo diferente de aço, mais moderno e resistente. A estrutura também foi reforçada com soldas que não existiam no fim do século 19, época de construção da ponte. "Mas nada que alterasse a estética original", diz Almeida. Segundo ele, a ponte já havia passado por duas grandes intervenções anteriores, que já haviam alterado algumas de suas características originais.

Na recuperação foram gastos 127 toneladas de aço e 4 mil litros de uma tinta especial para protegê-la da umidade da Serra do Mar. Cerca de 200 operários trabalharam no serviço, que era considerado difícil e de alto risco por causa das características da serra (umidade, tempo chuvoso e altura do abismo). Uma estrutura completa de hospedagem dos trabalhadores – com camas, cozinha, banheiros e até um escritório – foi montada no local para dinamizar os trabalhos nos momentos em que o tempo colaborava.

História

A ponte do Rio São João tem 110 metros de comprimento e um vão principal de 70 metros. A estrutura une o Morro do Taquaral ao Morro do Cadeado. Por ela, passam diariamente 34 trens de carga (ou 1,4 mil vagões). Além da importância estratégica para o escoamento da safra paranaense, a ponte tem um grande valor histórico e é considerada monumento público, fazendo parte do patrimônio cultural do Paraná. É também a mais famosa obra estrutural da ferrovia que liga Curitiba a Paranaguá, que ainda conta com outras 24 pontes e 14 túneis escavados no granito.

A ferrovia, construída no fim do século 19, foi um verdadeiro marco da engenharia brasileira. Por muito tempo, o projeto foi considerado impossível devido às dificuldades de se transpor os abismos e as montanhas da Serra do Mar com os recursos tecnológicos da época. A solução para o desafio foi concebida em 1871 pelo engenheiro Antônio Pereira Rebouças, que projetou o trecho de serra da ferrovia. A construção da estrada de ferro começou em 1880 e a pedra fundamental foi lançada pelo próprio imperador Dom Pedro II. Cerca de nove mil trabalhadores participaram da obra, que foi inaugurada em 1885.

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