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Fundo rotativo não chega às escolas

Parte das reivindicações dos professores e funcionários reside na falta de verba para administrar as escolas. O governo do estado não teria repassado parte das parcelas do fundo rotativo, que inclui a verba para limpeza e manutenção das escolas públicas. Com isso, os colégios do estado estariam impossibilitados de realizarem serviços básicos para o início do ano letivo.

Segundo o professor Osvaldo Alves de Araújo, que é diretor de uma escola estadual em Curitiba, em 2014 das 10 parcelas anuais que a escola em que ele trabalha teria a receber para consumo (que serve para a compra de itens como produtos de limpeza), apenas oito foram pagas. Além disso, das quatro parcelas de verba previstas para serviços de reparo na escola, uma não foi depositada.

"Não tivemos notícia se eles vão pagar esses atrasados e a escola está sem dinheiro para começar o ano. Vamos ter que pedir a ajuda de alunos para uma contribuição voluntária, explicando que não temos itens de limpeza porque o governo não pagou", diz o diretor.

Segundo a Secretaria de Estado de Educação (Seed), no ano de 2014 foram repassados R$ 51 milhões aos colégios estaduais e a primeira parcela de 2015 do fundo rotativo para consumo foi depositada e já estará disponível às escolas a partir de quarta-feira (4). Sobre as parcelas atrasadas do ano passado, a secretaria informou que os repasses dessa verba ocorreram de acordo com as possibilidades do orçamento do estado.

Dificuldades dentro e fora de sala de aula

Os professores passam por problemas dentro e fora das escolas com os atrasos em pagamentos e falta de contratação. Professor de Inglês por dez anos em contrato pelo Processo Seletivo Simplificado, Anderson Gonçalves, 32 anos, está sem pagamento do terço de férias neste início de 2015 e não teve o salário de janeiro pago.

Ele foi aprovado em um concurso público realizado pelo estado para a contratação de professores efetivos em 2013, mas, até agora, não foi chamado. Gonçalves explica que foi aprovado em 19° lugar para ser professor da Área Metropolitana Norte, um dos núcleos regionais. Porém, poucos foram chamados e ele ainda aguarda para ocupar sua vaga.

O maior problema no momento é a falta de salário. Ele diz que recebeu o salário atrasado em dezembro e o de janeiro ainda não foi pago, além da falta que faz o abono de férias. "A gente sabe que precisa fazer cortes, mas por que cortar do trabalhador, daquele que está na sala de aula? O trabalho já é estressante e desgastante. Com que motivação a gente trabalha assim?", questiona.

A professora de História Edineia Oribka, 34, leciona em um colégio de Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, onde, até o ano de 2014, eram seis funcionários. Com as demissões, segundo ela, agora são dois que vão trabalhar em 2015. "Eles vão ter que fazer limpeza, merenda e cuidar dos alunos sozinhos", revela.

Após uma série de protestos de professores e funcionários da rede pública de ensino do Paraná, o governador Beto Richa anunciou, na tarde desta terça-feira (3) a contratação de 10 mil professores por Processo Seletivo Simplificado (PSS). Os professores, segundo nota enviada pelo governo do estado, devem ser chamados a partir de quinta-feira (5).

O ano letivo está programado para começar na próxima segunda-feira (9) e a distribuição dos contratados por PSS depende da distribuição, segundo o governo, das aulas para os docentes efetivos.

Durante toda a terça-feira, em várias cidades do estado, professores e funcionários das escolas públicas do Paraná realizaram manifestações contra atrasos dos pagamentos por parte do governo, corte nas verbas repassadas às escolas públicas e demissões de contratados por PSS. Em Curitiba, o ato começou por volta das 16 horas em frente ao prédio onde fica a Secretaria de Estado da Fazenda do Paraná.

Centenas de funcionários e professores se reuniram em frente ao prédio da secretaria e fecharam a Avenida Vicente Machado, entre os cruzamentos da via com as ruas Brigadeiro Franco e Visconde do Rio Branco.

De acordo com o presidente do APP Sindicato Hermes Silva Leão o ato foi mobilizado, entre outros fatores, após o anúncio do governo, na última quinta-feira (29), de que não realizaria o pagamento do abono de férias do funcionalismo público e nem os contratos por Processo Seletivo Simplificado (PSS). O anúncio da contratação, segundo Leão, é importante, mas não resolve todas as reivindicações.

A falta de funcionários, segundo o presidente da APP Sindicato, representava a impossibilidade de atender aos alunos no ano letivo que vai começar na próxima segunda-feira (9). "Sem esses professores seria difícil começar as aulas, mas o governador ainda não anunciou o pagamento do abono de férias, que é uma pauta imediata", diz Leão.

Os sindicalistas aguardam uma reunião com membros da Secretaria da Fazenda do estado na quinta-feira (5) para definir se haverá o pagamento esperado.

Londrina

Em Londrina, no Norte do estado, cerca de 300 professores da rede estadual se reuniram pela manhã em frente ao maior colégio estadual da cidade, o Vicente Rijo, no Centro, para protestar.

Portando faixas e cartazes os manifestantes chamaram o governador Beto Richa (PSDB) de "caloteiro" pelo não pagamento das férias e das rescisões dos temporários. A uma semana do início das aulas a situação nas escolas é de caos generalizado, segundo os educadores. Estaria faltando de tudo, desde professores e funcionários até merenda e material de higiene e limpeza.

O presidente da APP-Sindicato em Londrina, Marcio André Ribeiro, disse que o contingenciamento de verbas do governo do estado inviabiliza o início do ano letivo. Segundo ele, a demissão de servidores e a falta de verbas compromete a atividade pedagógica. Ele citou o exemplo do Colégio Newton Guimarães, onde dá aulas, que demitiu dez funcionários.

"Com o fim das atividades especiais o colégio vai atender, no período da tarde, 600 alunos com idades entre 10 e 12 anos apenas com dois pedagogos e três funcionários. Fica inviável trabalhar desta maneira uma educação de qualidade no Paraná", afirmou.

O diretor estadual da APP-Sindicato Arnaldo Vicente informou que manifestações semelhantes ocorreram em Arapongas e Apucarana nesta manhã. Após o protesto em Londrina, uma reunião interna seria realizada para avaliar e refletir sobre os rumos do movimento.

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