Após soterramento, auditores encontram irregularidades em obra

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O Ministério do Trabalho identificou diversas irregularidades na obra situada na esquina da Avenida Presidente Affonso Camargo com a Rua Sanito Rocha, no bairro Cristo Rei, em Curitiba, que terminou na morte do operário Sebastião Luiz de Oliveira Filho, de 22 anos, que foi soterrado após um deslizamento. Segundo o auditor fiscal do Ministério do Trabalho, Daniel Riveiro, foram constatadas 12 situações em desacordo com as Normas Regulamentadoras de Segurança e Saúde do Trabalho. A empresa responsável pela obra já foi autuada e pode ser multada após o julgamento do caso.

Riveiro explicou que, logo após o acidente ocorrido no dia 9 de agosto, a obra foi interditada e embargada, mas apenas nos pontos mais críticos. "Foi solicitada a interrupção do serviço nos locais que apresentavam irregularidades, mas a empresa já tomou as providências necessárias e levantamos o embargo nesta terça-feira (17)", disse. O relatório final contendo todos os detalhes sobre as infrações e a multa prevista para cada uma deverá ser divulgado em breve.

O chefe do Setor de Segurança e Saúde no Trabalho da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE/PR), Ênio Bezerra Soares, destacou que nem todas as irregularidades tinham relação direta com o acidente. "Faltavam proteção nos elevadores e equipamentos que garantissem o isolamento de algumas áreas, por exemplo, mas ainda não é possível precisar o que causou o acidente ou se ele poderia ser evitado", declarou. Riveiro não quis revelar todas as irregularidades antes da elaboração do relatório final, porque alguns locais da obra ainda serão investigados.

A construção já tinha passado por uma inspeção havia seis meses. "Na fiscalização anterior não foram constatadas irregularidades, mas é evidente que a obra mudou muito nesse tempo", reconheceu Riveiro. Ele explicou que as construções são vistoriadas periodicamente, mas não há um prazo definido para as inspeções. "O ideal seria que as fiscalizações ocorressem em intervalos de tempo menor, mas infelizmente o número de auditores disponíveis não é suficiente", explica.

Um laudo do Instituto de Criminalística (IC) também deverá ser divulgado até setembro. A perita criminal Joice Malakoski, chefe da divisão técnica da capital do Instituto de Criminalística do Paraná, informou que, na semana passada, foram coletados dados e feitas análises do tipo de solo onde ocorreu o acidente. Ela explicou que o operário estava em um buraco com 2,6 metros quando houve o desabamento.

O gerente da Regional de Curitiba do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Paraná (CREA-PR), Mário Gelbert Filho, disse que, entre janeiro e fevereiro, foram feitos levantamentos indicando que os pré-requisitos necessários para a realização da obra foram preenchidos. Ele reconheceu, porém, que "obras são muito dinâmicas e podem mudar de um dia para o outro". Segundo o gerente, o papel do CREA é basicamente checar os documentos e avaliar se existe um profissional da construtora responsável pelos cuidados técnicos da obra e as questões de segurança cabem ao Ministério do Trabalho.

A reportagem da Gazeta do Povo tentou entrar em contato com diretores da construtora responsável pela obra, mas não encontrou funcionários na empresa no início da noite.Como denunciar

Para denunciar supostas irregularidades em obras da construção civil qualquer pessoa pode comparecer até a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego que fica na Rua José Loureiro nº 574, no Centro de Curitiba. Entre 8h e 17h um auditor fiscal fica de plantão para atender e recolher os dados que podem resultar em uma fiscalização na obra. Outra opção é ligar para o número do plantão (41) 3901-7513.

Outro acidente

O operário Marcelo de Lima, de 28 anos, que na tarde de terça-feira (17), sofreu um acidente quando desmontava a estrutura de um barracão pré-moldado, em uma obra no bairro Xaxim, em Curitiba,pode ter seu braço esquerdo amputado.

Nesta quarta-feira (18), o Hospital do Trabalhador informou que Lima permanece internado em estado grave, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). De acordo com a assessoria de imprensa, o membro superior esquerdo da vítima foi esmagado por uma viga e o corpo clínico do hospital avalia se vai ser preciso amputar o braço do rapaz.