Entrevista
"Após um estudo desses, espera-se que algo seja feito pelos políticos"
Leia entrevista com André Ferretti, coordenador geral do Observatório do Clima
América do Sul
Amazônia é a região do Brasil que teria maior elevação
Os modelos climáticos que avaliam a temperatura para todo o globo apontam para uma elevação muito provável (probabilidade de mais de 90%) da temperatura em toda a América do Sul, com os valores mais altos para o sul da Amazônia. Também é provável (probabilidade de mais de 66%) que ondas de calor se tornem mais frequentes na Amazônia e no Nordeste. O IPCC afirma ainda que é muito provável que o nível de precipitação vai subir na bacia do Prata e cair no Nordeste e na porção oriental da Amazônia. A tendência é a mesma apontada há pouco mais de duas semanas no 1º relatório nacional de avaliação dos impactos das mudanças climáticas no Brasil.
Conclusões
A divulgação de ontem do IPCC dá continuidade a pesquisas apresentadas em relatórios anteriores do painel, aumentando a certeza de que a Terra está se aquecendo e que há uma forte participação humana no fenômeno. Veja as principais conclusões do IPCC:
Responsabilidade
O painel elevou para "extremamente provável" a hipótese de que as atividades humanas, principalmente a queima de combustíveis fósseis, sejam a principal causa do aquecimento global desde meados do século 20. Isso significa uma probabilidade de pelo menos 95%, contra 90% no relatório anterior, de 2007.
Velocidade
O painel disse que alguns períodos específicos e curtos, como o ano de 1998, que não foi excepcionalmente quente, são influenciados por uma variabilidade natural, e em geral não refletem as tendências climáticas de longo prazo.
Futuro
O painel disse que as temperaturas devem subir entre 0,3 e 4,8 graus Celsius até o final deste século. O relatório usou novos modelos informatizados que não são diretamente comparáveis com os cenários estabelecidos em 2001.
Mares
O nível dos mares deve subir entre 26 e 82 centímetros até o final do século 21. No pior cenário, o mar pode ficar 98 centímetros mais alto no ano 2100. O relatório de 2001 projetava uma elevação de 18 a 59 centímetros, mas não levou totalmente em conta o degelo da Antártida e Groenlândia.
O aquecimento do clima foi classificado como "inequívoco" pelo relatório do Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), divulgado ontem. O documento revela que há um elevado grau de consenso na comunidade científica de que a principal causa do aquecimento está na emissão de gases do efeito estufa, em especial o dióxido de carbono (CO2) resultante da queima de combustíveis fósseis e do desmatamento provocados pela ação humana.
INFOGRÁFICO: Veja os 4 cenários de elevação de temperatura e oceanos feitos pelo IPCC
A conclusão do IPCC, um painel científico mantido pela Organização das Nações Unidas (ONU), é de que o aquecimento do clima é irreversível e pode durar séculos. Os especialistas também apontam que é preciso haver uma mudança nos níveis de emissões de gases do efeito estufa para evitar que a temperatura atinja níveis ainda mais elevados.
Foram traçados quatro cenários na análise do IPCC, que elaborou projeções para o clima até 2100. No mais otimista, que leva em conta um corte radical nas emissões dentro de uma década, a temperatura pararia de subir e ficaria, no fim deste século, em média 1°C acima da média de 1850 a 1900. O IPCC alerta, no entanto, que nos três cenários menos otimistas, em que a redução das emissões é mais gradual, a temperatura provavelmente subiria mais de 1,5ºC. Em dois deles, o aumento é de mais de 2°C podendo chegar a 4,8°C no cenário em que não há redução das emissões.
A elevação da temperatura deve ser acompanhada por diversas mudanças climáticas, como ondas de calor, inundações e secas. Os oceanos se tornariam mais ácidos, em uma ameaça à vida marinha. O relatório diz que o nível do mar pode subir entre 26 e 82 centímetros até o fim do século, por causa do derretimento de geleiras e da expansão da água marinha ao ser aquecida.
"É extremamente provável que a influência humana seja a causa dominante para o aquecimento observado desde meados do século 20", diz o documento. "Extremamente provável" significa uma probabilidade de pelo menos 95%. No relatório anterior, de 2007, essa probabilidade era calculada em 90%, e em 2001 era de 66%.
"Como resultado das nossas emissões de dióxido de carbono no passado, no presente e as esperadas para o futuro, estamos comprometidos com a mudança climática, e os efeitos vão persistir por muitos séculos, mesmo que as emissões de dióxido de carbono parem", disse Thomas Stocker, copresidente do IPCC.
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