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As arquibancadas da Sociedade Hípica Paranaense desabaram na noite de 27 de setembro: pelo menos 30 pessoas estavam sob a estrutura que ruiu durante a chuva | João Carlos Frigério
As arquibancadas da Sociedade Hípica Paranaense desabaram na noite de 27 de setembro: pelo menos 30 pessoas estavam sob a estrutura que ruiu durante a chuva| Foto: João Carlos Frigério

Vítimas reclamam de falta de apoio

O acidente na Sociedade Hípica Paranaense aconteceu por volta das 18 horas do dia 27 de setembro do ano passado, quando as pessoas que assistiam a uma prova no local procuraram a arquibancada para se proteger da chuva. Segundo Evani Banzatto Bonnet, que teve fraturas na coluna e perfuração pulmonar, havia cerca de 30 pessoas na arquibancada.

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Ação civil é o caminho mais curto

Uma ação civil é o caminho mais fácil para quem foi prejudicado pelo acidente na Sociedade Hípica Paranaense. Segundo o advogado e professor de Direito Sergio Said Staut Junior, é difícil responsabilizar a Hípica criminalmente, já que se trata de uma figura jurídica e no Direito Criminal só é possível responsabilizar criminalmente pessoas físicas.

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Passados quase oito meses do desabamento da arquibancada na Sociedade Hípica Paranaense, no bairro Tarumã, no dia 27 de setembro do ano passado, ainda não há uma conclusão sobre a responsabilidade do acidente. O laudo da vistoria do Instituto de Criminalística do Paraná indica que a estrutura de madeira da arquibancada estava fragilizada, o que poderá levar o Ministério Público do Paraná a oferecer denúncia nesta semana. Já a Hípica diz não se sentir responsável – a estrutura teria ruído por causa da chuva e de ventos fortes.

Enquanto a indefinição prossegue, vítimas ainda sofrem com as consequências do acidente. Pelo menos 11 pessoas ficaram feridas. O caso mais grave é o de Evani Banzatto Bonnet. Fraturas múltiplas na coluna e perfuração pulmonar a deixaram inconsciente durante 25 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Na primeira hospitalização, ficou 40 dias internada. Recebeu alta, mas teve de voltar ao hospital mais três vezes, somando outros 33 dias de internação. Passou por uma cirurgia e quase chegou a perder o movimento das pernas e braços. Hoje, tem dores fortes na coluna e respira com a ajuda da traqueostomia, sem previsão de quando poderá retirar as cânulas.

"Tinha uma saúde de ferro antes do acidente e uma vida independente. Dirigia, caminhava e cuidava da minha filha, que tem deficiência", lembra Evani. Ela tem dificuldades para falar e se movimentar. Deixou de cuidar da filha, que tem degeneração cerebral, e teve de mexer na estrutura da família. "Contratei duas moças para tomar conta da minha filha e precisei de mais espaço na casa. Minha sogra, que morava conosco, teve de ir para uma casa-lar. Ela tem 89 anos e enfrentou isso agora", afirma. "O acidente trouxe muitas consequências em nossas vidas. Meu cansaço pede para que o caso não fique impune."

Sem manutenção

Peritos do Instituto de Criminalís­tica estiveram na Hípica no dia seguinte ao acidente. O laudo da vistoria concluiu que "os pilares da estrutura de madeira [da arquibancada] apresentavam comprometimento em suas regiões inferiores, ocasionando facilidade de infiltração de água (...) Estas bases não suportaram a ação dos ventos e os pilares tombaram."

Para a perita do Instituto Joice Malakoski, fica claro que o acidente foi causado pela falta de manutenção da arquibancada. "Os pilares da estrutura inferior estavam comprometidos. A arquibancada deveria estar projetada para suportar rajadas de ventos, mas a estrutura se rompeu pela base justamente na área que apodreceu", afirma.

Técnicos da Comissão de Segu­ran­­ça de Edificações e Imóveis (Cosedi), da prefeitura de Curitiba, também fizeram uma vistoria e interditaram a Hípica logo depois do acidente. Segundo a Cosedi, a Hípica não recolheu as Anotações de Res­ponsabilidade Técnica, o que indica que nenhum profissional especializado foi contratado para fazer a manutenção.

"Um técnico experiente saberia dizer que poderia haver o acidente, se visse que a manutenção não estava correta", diz o coordenador técnico da Cosedi, Hermes Peyerl. "Quando a madeira é embutida no concreto e há uma parte que recebe oxigenação (que fica para fora), ela tende a se deteriorar quando não há manutenção adequada." Depois disso, foram feitas novas estruturas, de concreto armado.

Na época do acidente, o 6.º Distrito Policial, no Tarumã, abriu inquérito sobre o caso depois que uma das vítimas registrou um boletim de ocorrência. Até o fechamento desta edição, porém, o processo não havia sido localizado pelo a­­tual delegado titular (na época do acidente, o delegado era outro).

Outra gestão

O presidente da Hípica, Fernando Augusto Sperb, diz que a manutenção das arquibancadas tinha sido feita 1 ano e 8 meses antes do acidente, quando o presidente da instituição era outro. "Não sei qual foi o tipo de procedimento adotado, porque não estava na gestão. Também desconhecia a necessidade de uma manutenção anual [o que é aconselhado pela Cosedi]", afirma. "As arquibancadas não apresentavam qualquer problema quando foi feito o seguro do local [em julho de 2008]."

Sperb diz que a informação que teve sobre os laudos foi de que havia umidade na madeira, o que seria natural em armações desse tipo. "A conclusão que recebi foi a de que o fator determinante para a queda da cobertura foi a rajada forte de vento. Por essa razão, o engenheiro projetou novas arquibancadas com concreto armado que resistem mais às condições climáticas atuais."

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