
Todos os especialistas são unânimes em dizer que a arremetida é um procedimento comum na aviação. O ato de interromper o pouso e retomar o vôo é normalmente realizado em função do tráfego aéreo, para seqüenciamento dos pousos, mas pode ocorrer por causa de obstáculos que impedem a aterrissagem segura.
"O piloto arremete para realizar um novo procedimento ou para tentar outra alternativa", comenta o capitão-aviador Leonardo Mangrich, que trabalha no Cindacta II, em Curitiba.
O ex-controlador de vôo e professor do curso de Ciências Aeronáuticas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Elones Ribeiro, explica que a maioria das arremetidas ocorre quando há visibilidade reduzida e o aeroporto está operando por instrumentos, sem contato visual.
"O piloto só pode aterrissar se visualizar a pista de pouso. Se ele não consegue ver a pista, ele atinge o missed approach point (ponto de aproximação perdida) e tem de arremeter".
Esse ponto depende do sistema de instrumentos usado pelo aeroporto em que o procedimento está sendo realizado.
Além da arremetida no ar, o procedimento também pode ser realizado no solo, como explica o professor da Escola Superior de Aviação de Belo Horizonte, Luiz Eustáquio Moterane.
"Esse procedimento também é seguro, mas tem de ser feito antes do acionamento do reverso, o sistema de frenamento do avião, que faz com que a força que o impulsiona seja revertida para empurrá-lo para trás".
A arremetida no solo é realizada quando o piloto percebe que está em velocidade muito alta para pousar ou existem obstáculos na pista.
As hipóteses para o acidente de Congonhas ainda são controversas. Ribeiro acredita que o piloto tentou pousar, mas, ao perceber que a pista seria curta demais, tentou arremeter.
Já Moterane prefere a possibilidade do piloto não ter conseguido frear o suficiente.
"A solução para Congonhas seria receber aviões menores porque a pista está no limite exigido e não possui área de escape."



