Brasília (AE) Chamados de "heróis" pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva por receberem salários de R$ 8.362,80, boa parte dos ministros recorre a um artifício para engordar seus vencimentos: ganham um extra por participar de conselhos fiscais ou de administração de estatais. Além de exigir trabalho módico em geral os conselhos se reúnem uma vez por mês , a remuneração mensal corresponde a até 10% do que ganham em média os diretores da empresa.
A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, por exemplo, mais que dobra seus rendimentos pela participação nos conselhos da Petrobrás e da BR Distribuidora. Ao salário de R$ 8.363,80 se somam R$ 4.362,67 por sua participação no conselho da Petrobrás, um dos mais cobiçados da Esplanada dos Ministérios, e R$ 4.354 22 por integrar o conselho da BR Distribuidora. O total chega a R$ 17.080,69.
Além de participar do conselho da Petrobrás, o ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau, integra um colegiado invejado: o da Itaipu Binacional, que paga jetom de R$ 12.179. Tudo somado Itaipu, Petrobrás e salário , ele recebe R$ 24.905,47.
"É um subterfúgio legítimo", diz o deputado Ciro Gomes (PSB-CE). Ministro da Integração Nacional no primeiro mandato de Lula, Ciro integrou o Conselho da Acesita e, mais tarde, o de Itaipu. "Ganhava o mesmo salário que tinha como ministro para participar de uma reunião por mês da estatal", diz. "Se não fosse isso, não poderia ser ministro."
"Há lógica quando o ministro ocupa o conselho de uma estatal ligada a seu ministério. Mas não quando ele está em um conselho qualquer, só para elevar seus proventos", discorda o deputado Mendes Thame (PSDB-SP). "Essa distorção custa caro, pois o ministro ocupa o cargo de alguém com mais familiaridade com o assunto."
Prática
A prática é comum no governo. Os titulares da Fazenda, Guido Mantega; de Cidades, Márcio Fortes; do Planejamento, Paulo Bernardo; e da Previdência, Luiz Marinho, também ganham extras de conselhos de estatais. Fortes integra quatro conselhos: BNDES Agência Especial de Financiamento Industrial (Finame), Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre S.A. (Trensurbe) e Companhia Brasileira de Transporte Urbano (CBTU). Mas recebe remuneração pela participação no BNDES e na Finame.
Os ministros parlamentares geralmente optam por receber o salário do Congresso. É o caso do ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB-MG), e da ministra Marina Silva, do Meio Ambiente. Os dois ganham R$ 12.720 mensais como senadores. Bernardo, que recebia salário de deputado até fevereiro, agora tem contracheque de ministro e assento no conselho da Finame. Nos próximos dias, deve ingressar no da Eletrobrás.
Justiça suspende norma do CFM que proíbe uso de cloreto de potássio em aborto
Relatório americano expõe falta de transparência e escala da censura no Brasil
STF estabalece regras para cadastro sobre condenados por crimes sexuais contra crianças
Órgão do TSE criado para monitorar redes sociais deu suporte a decisões para derrubar perfis
Deixe sua opinião