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Árvores de grande porte ajudam a reduzir o efeito estufa | Gilberto Abelha/ Gazeta do Povo
Árvores de grande porte ajudam a reduzir o efeito estufa| Foto: Gilberto Abelha/ Gazeta do Povo

Um estudo divulgado pela revista científica Nature chama atenção para a preservação de árvores grandes e maduras, alvo muitas vezes de pedidos de erradicação nas grandes cidades. Conduzido por pesquisadores do US Geological Survey, nos Estados Unidos, o trabalho indica que árvores nessas condições podem absorver quantidade maior de CO2, o principal gás causador do efeito estufa, do que árvores mais jovens e de menor porte.

Ao analisar mais de 400 espécies de árvores grandes e velhas, os pesquisadores concluíram que as chamadas florestas primárias não têm apenas a função de armazenar carbono. Elas também apresentam uma capacidade de absorção que aumenta continuamente conforme a árvore cresce. Com isso, o sequestro de carbono não ficaria apenas a cargo das árvores mais jovens.

Especialista em En­genharia Florestal, o professor Carlos Roberto Sanqueta, da Universidade Federal do Paraná, observa que a conclusão do estudo só deve ser aplicada a espécies em condições saudáveis. "Conforme vão ficando mais velhas, as árvores sofrem com pragas e doenças. Para sequestrar carbono precisam estar bem, é importante interpretar isso", pondera.

Impactos

Sanqueta comenta que, em meio urbano, a vida útil das árvores costuma ser menor do que em áreas florestais. Uma araucária, por exemplo, poderia chegar a 300 anos, mas na cidade chega a perder dois terços do tempo de vida. Hoje a média de vida útil de uma árvore grande segue entre 30 e 50 anos, conforme a espécie. "Elas estão sujeitas a impactos do trânsito, poluição, podas mal feitas. Começam a perder partes da copa e se vem uma chuva forte, começam a cair."

Professor do curso de Engenharia Florestal da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Alexandre Bernardi Kohler lembra que sempre houve discussão sobre a capacidade de absorção de carbono por árvores mais maduras e que o estudo aumenta o reconhecimento sobre elas. "Seria muito bom se as pessoas cuidassem mais das espécies de grande porte. Quando não oferecem risco a pessoas que circulam pela área, algumas têm ciclos de vida que permitem ficarem mais de 60 anos no mesmo espaço", salienta.

Para Kohler, vale o esforço para preservar árvores mais maduras se a relação entre riscos, como os de queda, e o grau de absorção de CO2 não for negativa. "Nos Estados Unidos já existe o serviço de replantio de árvores de grande porte, com preservação de raiz. Todas estas árvores precisam ser posicionadas em locais adequados", explica, reforçando que bons planos municipais de arborização são essenciais para garantir o plantio e o manejo adequado das espécies.

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