Um dos responsáveis por estimar como o zika pode espalhar-se pelo mundo a partir do Brasil, o epidemiologista inglês Oliver Brady, da Universidade de Oxford, falou ao jornal O Estado de S Paulo sobre a pesquisa, publicada há uma semana na revista médica Lancet. Ele se diz um pouco cético sobre uma tendência de longo prazo do aquecimento global já estar fazendo diferença para a transmissão global do zika, mas concorda que a temporada mais quente que vivemos em 2015 está ajudando nesse processo.
No trabalho vocês estimaram a expansão da doença levando em consideração os perfis de viagens a partir do Brasil. Com o fluxo ampliado que poderemos ter na Olimpíada em agosto, este cenário deve piorar?
Antes da Copa do Mundo também houve essa preocupação com a dengue, mas medidas preventivas foram adotadas nas cidades-sede e no fim nenhum grande aumento de casos foi observado. A Olimpíada vai acontecer mais tarde no ano, em apenas uma parte do País, e é de se esperar que as autoridades estejam mais bem preparadas pela experiência anterior. Assim, acho que o risco será menor do que havia há dois anos na Copa.
A OMS alertou que o El Niño pode aumentar as populações de mosquitos em muitas áreas. Além desse fenômeno, já podemos imaginar que o aquecimento global esteja impulsionando a epidemia de zika?
É algo que não testamos ainda nos nossos modelos. O aumento da temperatura e das chuvas vai aumentar o potencial para o vírus se espalhar em algumas áreas, mas pode levar a reduções em outras. Além disso, muitas outras mudanças globais, como urbanização, economia, desenvolvimento, podem ser igualmente ou até mais importantes em determinar o risco futuro. Mas o El Niño deste ano pode significar que o zika se espalhe temporariamente mais para o norte e seja transmitido mais cedo e por mais tempo que em um ano médio, então é preciso preparar respostas para essa potencial ameaça.
De acordo com a Nasa, o ano que passou seria mais quente sem o El Niño. As mudanças climáticas já não podem estar modificando o grau de ameaça?
Eu diria que, por enquanto, todas as sugestões de que o aquecimento global poderia aumentar o risco para zika são especulativas e ainda não temos evidências para dizer que qualquer aumento ocorra somente por causa do aquecimento global. O que é claro é que 2015 e 2016 apresentam um risco aumentado, por causa de altas temperaturas e chuvas observadas, mas ainda não sabemos se isso vai se confirmar como tendência de longo prazo.
Justiça suspende norma do CFM que proíbe uso de cloreto de potássio em aborto
Relatório americano expõe falta de transparência e escala da censura no Brasil
STF estabalece regras para cadastro sobre condenados por crimes sexuais contra crianças
Órgão do TSE criado para monitorar redes sociais deu suporte a decisões para derrubar perfis
Deixe sua opinião