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O vendedor desempregado, José Cícero Alves dos Santos, que manteve uma mulher refém por três horas depois de assaltar uma agência da Caixa Econômica Federal, disse à Polícia Federal (PF) que não se lembra de nada do que aconteceu. O depoimento foi tomado pelo delegado Joel Moreira Ciccotti, na manhã de quarta-feira, na sede da PF, onde Santos está preso desde a noite de terça-feira. Ele não foi ouvido no mesmo dia por que, segundo o delegado, estava descontrolado. "O estado de ânimo dele era bastante alterado, não tinha condições de ouvi-lo. A única coisa possível de entender do que ele falava era os xingamentos", afirmou Ciccotti.

Segundo o delegado, Santos afirmou que acordou na carceragem da PF e não se recordava sequer de ter estado na agência da Caixa. Entretanto, o assaltante caiu em contradição ao mencionar, por exemplo, sua breve permanência no setor de passaportes da delegacia da PF. Antes de ser conduzido à cela, Santos ficou no saguão de passaportes e, mesmo algemado, tentou danificar um caixa eletrônico do Banco do Brasil. Devido ao comportamento agressivo, ele foi levado para uma cela individual, para evitar que causasse confusão com os outros presos.

Santos foi preso em flagrante por roubo qualificado e dano ao patrimônio público da União – a Caixa Econômica pertence à União. A pena máxima a que o assaltante pode ser condenado é de 16 anos de prisão. "Consideramos roubo por que o dinheiro já tinha saído do âmbito de domínio da Caixa e foi para o domínio do assaltante. O assalto foi consumado, a fuga é que foi frustrada", explicou o delegado. Na mochila do assaltante havia R$ 5.920, produto do assalto.

O assaltante tinha uma escoriação em uma das mãos, provocada por ele mesmo, ao quebrar vidros da fachada da agência. No depoimento, Santos disse que foi agredido por policiais. "Não há sinal de que isso tenha acontecido", avaliou o delegado da PF.

Apesar de Santos afirmar de que não se recorda do roubo e nem de manter uma funcionária como refém, Ciccotti afirmou que trata-se de um inquérito fácil. "Não há dúvida quanto a essência do fato e da autoria, e os danos são comprovados por meio de perícia", observou.

Santos não tem advogado e vai ficar preso até que sua liberdade provisória seja requerida ou por um advogado ou pelo Ministério Público.

Acusado não tem dívida com a Caixa

José Cícero Alves dos Santos tem 36 anos e está desempregado. Ontem pela manhã, conforme relatou o delegado Joel Moreira Ciccotti, Santos estava tranqüilo e bem disposto. "Ele é inteligente, fala muito bem e constrói raciocínios lógicos", avaliou o delegado da Polícia Federal.

Santos afirmou que, além do bebê que sua mulher espera – ela está grávida de oito meses -, tem mais um casal de filhos. Em relação à dívida que ele teria com a Caixa Econômica, o delegado disse que isso não foi mencionado na oitiva e que o imóvel em que Santos vive é alugado. O assaltante disse que vinha de uma família pobre.

PF vai checar passaporte de Santos

Santos morou por seis meses em Londres, capital da Inglaterra, e não precisou a data em que retornou ao Brasil. A Polícia Federal vai checar se ele possui passaporte. No depoimento, ele relatou que depois que voltou, começou a ser perseguido "por pessoas que mandam em Londrina". "Ele diz que teve o direito de ir e vir cerceado, mas explica superficialmente", afirmou o delegado da PF. Santos informou ainda que ficou depressivo depois que retornou ao País e fez um tratamento no Hospital da Zona Sul (HZS).

Refém diz que não foi ameaçada

A funcionária terceirizada da Caixa, Miriam Martins, que permaneceu por três horas como refém de José Cícero Alves dos Santos, prestou depoimento de mais de duas horas na tarde de ontem, na sede da Polícia Federal. Ela não deu declarações para a imprensa.

Segundo Cicotti, ela contou que Santos a abordou com a faca no momento em que ela atendia outro cliente. Dentro da agência, ela foi orientada a indicar uma gerente para que fosse pedido o dinheiro. A gerente que recolheu o dinheiro também foi ouvida, mas não falou com a imprensa. A mochila de Santos com cerca de R$ 5 mil foi devolvida à Caixa.

Sindicato quer detector de metais

Há cerca de um ano o Sindicato dos Bancários pede aos bancos a instalação de portas giratórias com detector de metais na área dos caixas de auto-atendimento. Segundo Joseph Sonego, diretor da entidade, os funcionários, e principalmente os clientes que usam esses terminais, ficam expostos a roubos. O sindicato também sugere que a visibilidade do interior das agências seja restrita, o que diminuiria as chances de ação de ladrões. Apenas duas agências bancárias em Londrina atendem essas propostas, a agência da Caixa Econômica, na Avenida Rio de Janeiro, e a do Itaú, no Calçadão.

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