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Algumas zonas rurais da região metropolitana de Curitiba (RMC) tiveram a calmaria perturbada por ações seqüenciais de assaltantes nos dois últimos meses de 2006. Pelo menos 30 roubos ocorreram em novembro e dezembro. A maioria em Roça Velha, bairro de São José dos Pinhais. A Gazeta do Povo ainda apurou situações nos bairros Nova Tirol, em Piraquara, e Santa Gema, em Colombo.

Os roubos foram à mão armada e de dia. As vítimas (cujos sobrenomes são preservados) relatam a truculência dos bandidos. Isso sem contar com o dano material causado a essas famílias humildes – foi roubado desde dinheiro, eletrodomésticos e móveis até mantimentos e utensílios pessoais. Tudo o que pudesse ser transportado.

Os primeiros casos noticiados aconteceram em Roça Velha. A maioria da população do bairro é formada por agricultores, descendentes de poloneses. De acordo com a Delegacia de São José dos Pinhais, chegaram a acontecer três assaltos em um dia. A agricultora Neuza foi uma das vítimas. O assalto foi quando o marido e os filhos tinham saído para o trabalho na roça. "Eles já chegaram me batendo. Me deram chutes, coronhadas e um soco no olho", explica.

Vizinho de Neuza e morador há sete anos na Roça Velha, Rodolfo afirma que os assaltos quebraram a tranqüilidade da região. "Aqui não tinha dessas coisas. O povo é pacífico, não usa arma." A mobilização dos moradores para inibir a criminalidade levou a Secretaria Estadual da Segurança Pública (Sesp) a anunciar, semana passada, a criação de uma patrulha rural para policiar os bairros mais afastados de São José.

O grupo que deixou Roça Velha em pânico também passou por Piraquara. Em Nova Tirol, bairro histórico de descendentes de italianos, cinco assaltos foram registrados de novembro até semana passada. Uma das vítimas foi Batista, 89 anos, um dos primeiros agricultores da localidade. No final de outubro, ele foi atacado por quatro bandidos. "Minha visão está ruim e eu não tenho mais a força de antigamente. Eles me puxavam com força. Caí no chão. Meu braço e minha mão estão marcados até hoje."

Batista reconheceu os agressores ao ver a fotografia da quadrilha presa em São José dos Pinhais neste ano.

Diferentemente do que ocorreu em São José dos Pinhais, no entanto, Nova Tirol continua desprotegida. "Aqui uma árvore tem mais valor que a vida humana. Se você ligar uma serra elétrica, já chega a polícia ambiental. Se te assaltarem e tentarem te matar, não vem ninguém", ressalta Batista.

Sem o policiamento preventivo, os moradores de Nova Tirol ainda temem. O grupo preso em São José não foi o único a praticar crimes no bairro de Piraquara. Henrique foi assaltado no dia 22 de novembro. Ele, a mulher, a filha e o neto foram trancados em um banheiro enquanto os ladrões reviravam a casa e enchiam dois carros com objetos de valor. "Ameaçaram matar o bebê se não colaborássemos", diz a filha. O prejuízo ficou em torno de R$ 7 mil. Até um chester e a cerveja foram roubados. "Abriram e geladeira atrás de comida e bebida. A cerveja quente não quiseram levar", desabafa a vítima.

Colombo

Já em Santa Gema, zona rural de Colombo, dois casos foram registrados na semana entre o Natal e o ano-novo. Em um deles, os ladrões aproveitaram a casa vazia e entraram pelo basculante do banheiro. Foram levados alguns eletroeletrônicos. A cerca de 300 metros dali, uma família foi rendida por dois homens armados. "Os cachorros estavam latindo. Fui ver e dei de cara com eles. Fizeram a gente ficar deitado no chão", conta a dona de casa Adile. A dupla fugiu sem levar nada depois que o alarme do carro soou.

Segundo o Sindicato dos Corretores de Imóveis do Paraná (Sindimóveis), áreas rurais continuam sendo bastante procuradas por pessoas que buscam tranqüilidade. "Geralmente, são pessoas de mais idade que têm interesse nessas regiões", conta o presidente do sindicato, Daniel Fuzetto. Além do preço atrativo, as chácaras proporcionam a sensação de mais liberdade e um contato maior com a natureza. "Mas infelizmente, hoje estamos sujeitos a ser assaltados em qualquer lugar", lamenta Fuzetto.

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