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Sem sossego: agência bancária da colônia Castrolanda, nos Campos Gerais, foi alvo de ataque no dia 25 de agosto | Josué Teixeira/Gazeta do Povo
Sem sossego: agência bancária da colônia Castrolanda, nos Campos Gerais, foi alvo de ataque no dia 25 de agosto| Foto: Josué Teixeira/Gazeta do Povo

Colonos estão assustados após ataques

Maria Gizele da Silva, da sucursal

A calmaria na colônia Castro­landa, em Castro, nos Campos Gerais, foi quebrada na madrugada de 25 de agosto com a explosão de caixas eletrônicos de três agências. A Polícia Civil de Castro localizou dois carros usados pelos criminosos e tenta identificá-los.

Castrolanda foi formada por imigrantes holandeses nos anos 50. As agências do Itaú e do Banco do Brasil ficam entre o Memorial da Imigração Holandesa, que é um dos cartões-postais de Castro, e a sede administrativa da cooperativa agropecuária Castrolanda, uma das maiores do país. A terceira agência – a do Sicredi – fica próxima da saída da colônia. Os três prédios ficaram bastante danificados.

Rafael Rabbers, integrante da Associação de Moradores da Castrolanda, que mora a 140 metros das agências do Itaú e do Banco do Brasil, diz que o módulo policial da colônia foi fechado em 1993. Ele se assustou com as explosões. "Vi que tinha acontecido algo muito grave." A funcionária de uma livraria e que reside a cinco quilômetros da colônia, Érica Rodrigues de Lima, lembra que vê a Polícia Militar em patrulhamento frequente na colônia. "O movimento de pessoas aumentou muito depois da construção da Estrada do Cerne", lembra Érica.

A estrada pode ter sido usada pelos assaltantes na fuga. Ela é asfaltada, não tem praças de pedágio e encurta o caminho para Curitiba. O acesso à PR-151, que liga Ponta Grossa à colônia, foi fechado pelos bandidos no dia dos ataques com o uso de um caminhão colocado atravessado na rodovia.

Moradores que tentaram entrar na colônia na madrugada dos arrombamentos foram interceptados pelos criminosos, que pegaram as chaves dos carros e os aparelhos celulares dos moradores para evitar que chamassem a polícia.

Rotina

Ladrões detonam agência em Paulo Frontin

No dia 23 de agosto, uma agência do Itaú foi arrombada por assaltantes em Paulo Frontin, no Centro-Sul do Paraná. Eles usaram explosivos para detonar dois caixas eletrônicos. Na fuga, os bandidos deixaram uma pistola ponto 40, apreendida pela polícia. O valor roubado não foi divulgado. Em Paulo Frontin há 6,9 mil habitantes (Censo de 2010), sendo que apenas 31% moram na área urbana. O delegado de Mallet, que atende Paulo Frontin, Celso Araújo Neves, acredita que os furtos não tenham sido feitos pela mesma quadrilha. O delegado analisa os vídeos do circuito interno do banco para tentar identificar os assaltantes.

Com efetivo policial reduzido, as pequenas cidades do Paraná estão à mercê das quadrilhas que usam explosivos para atacar agências bancárias e arrombar caixas eletrônicos. A cada quatro dias deste ano, um município paranaense com menos de 20 mil habitantes foi vítima das chamadas "gangues da dinamite". Os números – compilados pelo Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região (Sindivigilantes) – revelam a migração deste tipo de crime para o interior do estado: enquanto os grandes centros registraram 30 casos, as cidades menores concentraram 61 ocorrências.

INFOGRÁFICO: Veja as regiões em que os crimes ocorrem

A nova dinâmica das quadrilhas tira a tranquilidade de cidades que até então eram consideradas pacatas, principalmente no Norte do estado, onde se localiza um terço dos pequenos municípios vítimas de ataques. Caso de Alvorada do Sul, onde dois policiais em serviço chegaram a ser trancados dentro do destacamento enquanto bandidos detonavam os terminais de uma agência. Já Santa Fé e Bom Sucesso foram alvos dos assaltantes em três ocasiões distintas.

"São casos que nos deixam extremamente preocupados, porque requerem uma resposta rápida por parte do Estado", diz o presidente do Sindivigilantes, João Soares.

As próprias autoridades reconhecem que a vulnerabilidade dessas cidades tem atraído as gangues da dinamite. Via de regra, os municípios menores contam com efetivo de quatro ou cinco policiais militares, com dois deles se revezando por turno.

"Por causa dessa fragilidade e com essa estrutura, é praticamente impossível cobrir todos os municípios. Seria impossível para qualquer polícia", avalia o delegado Edward Figueira Ferraz, que há 25 dias assumiu o Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), da Polícia Civil.

O chefe do Cope explica que vai priorizar o serviço de inteligência. Um delegado especial será designado exclusivamente para apurar ataques das gangues da dinamite, centralizando as informações em um banco de dados, que serão cruzados sob diversos filtros, na tentativa de identificar as quadrilhas. Responsável por ações preventivas (antes que os ataques ocorram), a Polícia Militar foi procurada pela reportagem, mas não se manifestou.

Para os sindicatos, as ações serão paliativas se não houver a ampliação imediata do efetivo policial. "Os bandidos chegam em seis ou sete, sempre armados. Os dois policiais que estão em serviço vão fazer o quê? Se não aumentar o número de policiais, o problema ficará insolúvel", aponta Soares.

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