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O assassinato do motorista de ônibus Ricardo Germano Hopaloski, 40 anos, durante um assalto à linha Eucaliptos 2 ontem pela manhã, provocou revolta na população de Fazenda Rio Grande, na região metropolitana de Curitiba (RMC). Em protesto, cobradores, motoristas e moradores fecharam o terminal metropolitano do município e a BR-116, que liga Curitiba a Mafra (SC) por sete horas, das 7 às 14 horas. O manifesto causou cerca de 15 quilômetros de congestionamento nos dois sentidos, segundo a Polícia Rodoviária Federal.

Cerca de 3 mil pessoas se reuniram na BR-116 para protestar contra os freqüentes assaltos nos ônibus que trafegam na região e a violência na cidade. Os manifestantes queimaram pneus e impediram a entrada e saída de ônibus do terminal. Quinze linhas municipais e quatro metropolitanas com ligação para Curitiba tiveram o itinerário suspenso temporariamente, voltando ao normal somente às 15 horas. Segundo a Urbs, empresa que administra o transporte integrado de Curitiba e região, diariamente, 35 mil pessoas passam pelo terminal de Fazenda Rio Grande. Outras 17 mil utilizam o transporte coletivo entre o município e a capital todos os dias.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Motoristas e Cobradores (Sindimoc), Denílson Pires da Silva, a média é de quatro assaltos semanais na região. Somente no ano passado, a empresa Leblon/Nobel sofreu 121 assaltos, segundo levantamento repassado pelo sindicato. A linha alimentadora Fazenda-Pinheirinho, que liga o município a Curitiba, está em segundo no ranking de assaltos sofridos, com média de três ocorrências por mês. "A morte de alguém já era esperada, pela quantidade de assaltos. Os problemas estão no Estatuto da Criança e do Adolescente, já que a maioria dos assaltos é praticado por menores. Mas é preciso principalmente aumentar o efetivo policial na região", aponta Silva.

A falta de segurança no transporte é unanimidade entre os moradores da cidade. "Só ano passado fui assaltado três vezes, mesmo assim, o policiamento nessa área continua o mesmo", afirma o motorista Irineu Horbus. "Fui assaltado na semana passada, na terceira volta da minha linha (Iguaçu). Colocaram uma arma na cabeça do motorista e levaram oito passagens", conta o cobrador Welington Alaor do Vale. Além do transporte coletivo, outra reivindicação dos manifestantes era mais segurança nos bairros. "A segurança está terrível, por isso o pedido para a segurança em geral. Meu filho foi assaltado e deixaram o menino pelado", conta o presidente da Associação de Moradores do Bairro Iguaçu, José Luís Oliveira Bonfim.

A população liberou a rodovia e o terminal de ônibus por volta das 14 horas, depois de uma conversa entre as lideranças do protesto e o comandante do 17.° Batalhão da Polícia Militar (BPM), major Marcos Theodoro Scheremeta. Parte dos manifestantes dirigiu-se, então, à praça em frente à prefeitura, onde fecharam a rua com galhos e esvaziaram dois pneus de um ônibus da linha Nações 2 que voltava para o serviço. Eles exigiam a presença do prefeito Antônio Wandscheer (PPS).

Os ânimos só foram apaziguados depois da chegada de três viaturas do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope). Os policiais atiraram para o alto para dispersar a população e ordenaram a organização de um grupo para conversar com o prefeito. Duas pessoas foram detidas acusadas de incentivar o vandalismo. Segundo o delegado do Cope, Miguel Stadler, elas seriam identificadas e liberadas. A Polícia Federal também participou da ação.

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