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Celso Eidt, 37 anos, foi alvejado por 15 tiros na noite de 5 de novembro | Valterci Santos/Gazeta do Povo
Celso Eidt, 37 anos, foi alvejado por 15 tiros na noite de 5 de novembro| Foto: Valterci Santos/Gazeta do Povo

A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Paraná vai investigar o homicídio do sem-teto Celso Eidt, 37 anos. Celso foi morto a tiros na Rua João Dembinski, em Curitiba – na calçada de uma ocupação habitacional que durou um mês e meio. Em uma audiência presidida ontem pelo deputado estadual Tadeu Veneri (PT), familiares de Eidt, militantes da moradia popular e integrantes da comissão de moradores dos sem-teto que hoje ocupam as calçadas foram chamados a falar sobre a relação de Eidt com o movimento e informar sobre o que ocorreu no dia do assassinato. Em 5 de novembro, por volta das 20h20, três homens encapuzados desceram de um carro e assassinaram o sem-teto com 15 tiros.

Militante da Central de Movimentos Populares, Luiz Herlain afirmou que uma série de ofícios foi encaminhada aos órgãos responsáveis para evitar violência no local. "Nós já prevíamos isso. Infelizmente, ocorreu com o Celso", diz. Herlain alega que, nos dias após a desocupação, a tensão entre os sem-teto e os seguranças da empresa Escuderia, contratada pela Varuna para manter a segurança do terreno, era muito grande. "Eu sofri ameaças de morte. E, por esse motivo, me afastei da ocupação", relata.

Ao fim do encontro, Veneri informou que encaminhará as atas da audiência à Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) e pedirá urgência na investigação do caso. No fim da semana, a comissão deve marcar novo encontro para saber mais sobre a empresa contratada para realizar a guarda patrimonial da área e descobrir o que realmente levou a morte de Eidt. "Ninguém leva 15 tiros por nada. Vamos investigar essa empresa que está fazendo a segurança", diz. Na PF, não há registros de qualquer empresa chamada Escuderia com autorização para fazer a segurança privada. "Em caso de comprovação pela comissão, isso é crime", avalia Veneri. Até o fechamento da edição, a Varuna não soube informar a razão social da Escuderia para que fosse possível fazer a confirmação do registro com a PF.

Outro propósito da comissão é descobrir quem é o proprietário da área invadida. Conforme reportagem da Gazeta do Povo publicada em 10 de novembro, o terreno onde se instalaram as famílias do Fazendinha tem três inscrições imobiliárias. Oficialmente, a Varuna Empreendimento Imobiliários detém a posse do terreno de uma área de 170.895 metros quadrados, na Rua João Dembinski. Esse lote não alcança a esquina da Theodoro Locker, que tem outro dono: a empresa CR Almeida. Os registros indicam uma área de 46.588 metros quadrados, sendo 152 metros na João Dembinski e 590 na Theodoro Locker. Há um terceiro lote, de 5.460 metros quadrados, que não tem proprietário registrado.

Residência

Lucila Eidt, irmã do sem-teto, conta que o irmão estava acampado na calçada por não ter onde morar. De acordo com relato de seu sobrinho, no dia da ocorrência, Eidt teria uma chácara em Santa Catarina. Porém, a área está em nome de sua irmã, responsável por cuidar de um outro irmão com necessidades especiais.

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