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Um Papa sorridente surpreendeu e agradou os fiéis brasileiros. | Rodolfo BUuhrer/Gazeta do Povo
Um Papa sorridente surpreendeu e agradou os fiéis brasileiros.| Foto: Rodolfo BUuhrer/Gazeta do Povo

Prestes a completar 20 anos de fundação no dia 10 de julho, a Associação dos Meninos de Curitiba (Assoma) vai encerrar hoje seus trabalhos. A decisão interrompe as atividades recreativas, educacionais e culturais oferecidas todos os dias no contraturno escolar para 150 crianças e adolescentes pobres ou em situação de rua, de risco pessoal e social. Este público, com idade dos 7 aos 17 anos, também vinha recebendo no local alimentação e cursos profissionalizantes. "Não há mais condições de funcionar", resume o presidente da instituição, Antônio Celso Mendes. O motivo do fechamento, segundo ele, é uma dívida acumulada de R$ 160 mil.

Os quase 30 funcionários, que já cumprem aviso prévio, estão com os salários atrasados há um mês. Mendes atribui todo o problema ao atraso de quatro meses do governo do estado no pagamento dos lanches fornecidos pela Assoma a 29 repartições oficiais. A entidade se mantinha com os recursos da entrega diária de 5 mil pães, doces, sanduíches, croissants, esfirras, folhados, risoles e outros petiscos para os servidores públicos. Tudo era produzido na confeitaria da instituição, onde os jovens aprendiam o ofício de padeiro. A produção e as entregas foram suspensas na sexta-feira passada, por ordem do presidente.

A conta pendente já estaria em R$ 70 mil, segundo cálculos de Mendes. Contudo, pessoas ligadas à própria Assoma discordam da responsabilização do estado pelas mazelas. O problema estaria se arrastando desde a fundação da Assoma, em 1987, com uma sucessão de erros administrativos. Um exemplo fica nos fundos da sede, na Avenida Salgado Filho, no Guabirotuba. Uma enorme construção de concreto que abrigaria salas para cursos profissionalizantes foi embargada no estágio intermediário das obras por causa de erros estruturais. "Esse dinheiro está fazendo falta agora", diz um funcionário, que prefere não se identificar.

Mendes, que está no quinto ano à frente da Assoma, diz que houve um erro de origem, pois a entidade foi criada sem a previsão de uma forma de sustentação. No início, vinha se mantendo com 1,5% de ações do Banestado. Ao comprar o banco estatal, em 2001, o Itaú pagou R$ 870 mil pelas ações. O dinheiro foi sendo usado aos poucos para cobrir as despesas mensais de manutenção até acabar completamente, no ano passado. Depois disso, só havia a receita da venda dos lanches e outros serviços. A Assoma também lavava roupas para o Palácio Iguaçu, serviço igualmente suspenso pela presidência.

Patrimônio e despesas

O patrimônio da instituição é inalienável, não pode ser vendido, e grande parte dos imóveis foi sendo incorporado ao longo do tempo, cedidos por órgãos públicos. O terreno de 40 mil metros quadrados onde fica a sede foi doado pelo município. As oito casas-lares foram repassadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Mendes calcula em R$ 80 mil por mês a manutenção da estrutura, incluindo encargos sociais, salários, despesas gerais e matéria-prima para os lanches. Há, segundo ele, uma esperança muito remota de salvar a Assoma, numa reunião em que participará hoje à tarde na Fundação de Ação Social (FAS). O problema, diz, é que ele tentou por várias vezes passar a responsabilidade da instituição para o município, mas as administrações municipais nunca aceitaram.

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