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Ira! volta ao Paraná com músicas do novo CD | Divulgação
Ira! volta ao Paraná com músicas do novo CD| Foto: Divulgação

"É importante manter a distância", diz biólogo

Dentro da água os jacarés são mortais. Mas fora dela o risco também pode ser grande, alerta o biólogo e professor da PUCPR Júlio César de Moura Leite. Segundo ele, o importante é manter a distância. "Fora da água ele é menos perigoso, mas pode ser mais rápido do que as pessoas imaginam", afirma Leite. "Se puxar uma criança para o lago, já era. Dentro da água ele tem uma agilidade colossal, não tem como se defender de um bicho desses. Ele tende a afogar a presa."

Segundo o professor, os jacarés passam a maior parte de suas vidas dentro da água. Saem em duas circunstâncias: para manter a temperatura do corpo, já que têm o sangue frio, e para se reproduzir. É quando a fêmea bota os ovos. O cuidado, no entanto, não pode derivar para o desespero. De acordo com o biólogo, nenhum jacaré vai sair do lago e perseguir as pessoas no parque, por exemplo. "Há um mito, as pessoas pensam que o jacaré come grande presas. Na verdade, eles comem presas pequenas, como moluscos, peixes e aves aquáticas, e a oferta no Parque Barigüi é grande."

Tanto o jacaré-do-papo-amarelo quanto o jacaré-do-pantanal são originários de outras regiões, já que o clima de Curitiba é muito frio para esse tipo de animal. O de papo amarelo, segundo Leite, é encontrado nas regiões mais baixas do Paraná. "Esses jacarés foram soltos por aí. Historicamente, não temos registros de jacarés no planalto", afirma. O professor, no entanto, não descarta a hipótese de os animais virem a se reproduzir no novo ambiente. "Temos evidências de outro animal, a tartaruga americana, que não se reproduzia em lagos e que está se reproduzindo." O biólogo tem uma teoria para o ataque ao cão na última terça-feira: "Alguém deve ter atentado o jacaré."

José Marcos Lopes

"Em um único e rápido movimento, o jacaré abocanhou a cabeça do cachorro, jogando-o para um lado e para o outro com muita violência e engolindo-o por inteiro em segundos. A cena de horror e de sangue causou uma grande sensação de consternação em todos que estavam presentes. "Minhas filhas gritavam e choravam de horror, pedindo para que saíssemos dali imediatamente e nunca mais voltássemos."

A descrição acima poderia estar na sinopse de um filme de terror. Mas o caso é verídico, ocorreu em Curitiba nesta semana, e num local público que, todas as semanas, é freqüentado por milhares de pessoas: o Parque Barigüi. O protagonista da cena também é bastante conhecido: o jacaré, ou melhor, um dos jacarés do parque.

Segundo o gerente Marcos Rodrigues Lopes, 37 anos, o episódio ocorreu na última terça-feira, por volta das 15 horas. Ele estava no local andando de bicicleta com as filhas Gabriela, de 8 anos, e Amanda, de 5 anos. Os três viram um grupo de cerca de 15 pessoas próximas ao lago menor do parque, que fica nas proximidades dos bares e restaurantes, e resolveram ir até lá. Encontraram o jacaré – com cerca de dois metros – totalmente imóvel, dentro da água. "Tiramos fotos, ficamos admirando o bicho e até imaginando se tratar de uma estátua. Foi quando um cachorro vira-lata passou por nós e entrou na água. O ataque do jacaré foi imediato", conta Lopes.

O gerente resolveu relatar a cena que presenciou para "chamar a atenção dos curitibanos para o perigo de manter o animal no parque". "Todo jacaré é selvagem e age por puro instinto. Assim como o pobre cachorrinho, ele irá devorar a primeira criança que inocentemente chegar perto dele. Nesse dia, haverá uma comoção nacional e o jacaré, símbolo do parque, vai se transformar no jacaré assassino do Barigüi."

Lopes considera que não só as crianças correm risco, mas também pessoas que resolvam mexer com o bicho. Isso ocorre com freqüência, segundo Mônica Silva, que há seis anos trabalha no Bar do Pagode. "Geralmente, ele fica lá parado, tomando sol e não incomoda ninguém. O problema é quando aparecem pessoas que resolvem importuná-lo. Recentemente, um bêbado decidiu que ia pegar no rabo do jacaré. Para sorte do homem, quando ele chegou perto, o bicho correu para a água", conta.

Dados imprecisos

A contagem oficial da prefeitura dá conta de que hoje vivem no Parque Barigüi três jacarés: dois da espécie papo-amarelo e um do pantanal. Várias pessoas relatam, entretanto, que já viram dois jacarés menores no local (espécie do pantanal). Portanto, há dúvidas quanto ao número correto de jacarés que vivem no parque.

Entre os três que estão na contagem oficial, o mais antigo é um jacaré-do-papo amarelo com idade estimada de 20 anos, que vive próximo às instalações da antiga olaria. O outro da mesma espécie, que mora na ilha ao lado do salão de atos, é um pouco mais jovem. Já o jacaré-do-pantanal estaria quase na fase adulta e ocupa o pequeno lago próximo a alguns bares do parque.

Os três jacarés, quando aparecem, são monitorados a distância. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente não têm certeza se são fêmeas ou machos. Tudo indica que o mais velho seja um macho. Quanto à procriação, o superintendente de Obras e Serviços da Secretaria de Meio Ambiente de Curitiba, Paulinho Dalmaz, diz que não há como se descartar por completo essa possibilidade. Mas, ele afirma que até hoje isso não ocorreu e a hipótese é remota, já que as baixas temperaturas impedem que os ovos vinguem. "Todos os jacarés foram abandonados lá por alguém", diz.

Em relação à alimentação dos répteis, o superintendente disse que "eles se viram, pois há fartura de alimentos no parque". É em função desta "fartura" – inclua-se aí peixes, aves e outros animais – que o superintendente descarta a hipótese de ataques a freqüentadores do parque. "São animais inofensivos", resume.

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