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Sapinho encontrado na Mata Atlântica do Paraná é uma das espécies ameaçadas | Divulgação
Sapinho encontrado na Mata Atlântica do Paraná é uma das espécies ameaçadas| Foto: Divulgação

Anfíbios

Sapos, pererecas e rãs estão entre os mais ameaçados

Um dos grupos mais ameaçados da fauna brasileira é o dos anfíbios, incluindo sapos, rãs e pererecas. O número de espécies ameaçadas na lista candidata do ICMBio mais do que dobrou em relação à lista oficial atual, passando de 15 para 38.

É um "sinal vermelho", segundo o especialista Célio Haddad, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Rio Claro, que coordenou a elaboração da lista para este grupo. Outras 150 espécies foram listadas na categoria "dados insuficientes", o que significa que o "número real" de anfíbios ameaçados pode ser muito maior, segundo ele.

"Espécies de anfíbios continuam a ser descritas em grande número no Brasil", afirma Haddad. "O ritmo tem sido de 20 por ano e nunca foi tão alto. Um fato preocupante é que tem sido cada vez mais frequente a descrição de novas espécies que já são enquadradas como ameaçadas no próprio artigo científico que as descreve. Provavelmente a degradação ambiental no Brasil está reduzindo populações e extinguindo espécies sem que saibamos de sua existência."

Entre as espécies criticamente ameaçadas do grupo estão a perereca-de-alcatrazes, que só existe no Arquipélago dos Alcatrazes, no litoral paulista, e o Brachycephalus pernix, um sapinho amarelo que só é encontrado na Mata Atlântica do Paraná

A única espécie listada como extinta na lista preliminar é também um anfíbio: a rã Phrynomedusa fimbriata, que desapareceu da Mata Atlântica há mais de cem anos. Duas espécies de tubarão foram consideradas "regionalmente extintas".

O número de espécies ameaçadas no Brasil vai aumentar drasticamente na próxima lista oficial de fauna que está sendo elaborada pelo governo federal, segundo dados preliminares publicados pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A meta é avaliar o status de conservação de 10 mil espécies até 2014. Por enquanto, foram avaliadas cerca de 1,8 mil, e o número de animais na categoria "criticamente em perigo" – ou seja, em risco imediato de extinção – já é maior do que o da lista atual.

Na nova análise, 331 espécies são classificadas como ameaçadas em três categorias: 137 criticamente em perigo, 89 em perigo e 105 vulneráveis. Na lista atual, publicada em 2002, esses números são 125, 163 e 330, respectivamente. O grupo de risco inclui desde borboletas, sapinhos e caramujos até onças, baleias e tubarões. Entre os mais ameaçados estão a toninha (uma espécie pequena de golfinho), o soldadinho-do-araripe (uma ave endêmica do sertão cearense), e várias espécies de tubarão-martelo, que aparecem na lista pela primeira vez.

Em uma comparação preliminar com a lista atual, feita pela reportagem, aparecem boas e más notícias. A baleia jubarte, que hoje é classificada como vulnerável, deixa de ser considerada uma espécie ameaçada de extinção, passando para a categoria de "quase ameaçada"; enquanto que a arara-azul-de-lear melhora duas categorias, passando de "criticamente ameaçada" a "vulnerável".

Essa lista preliminar, representando 18% do total de espécies que se deseja avaliar, foi publicada on-line em dezembro, em uma revista institucional do ICMBio, porém retirada do ar pouco tempo depois. A expectativa do ICMBio é que o número final de espécies ameaçadas chegue próximo de 1 mil, comparado às 618 da lista atual.

Invertebrados

Outro grupo muito ameaçado é o das borboletas, que tem 24 espécies consideradas "criticamente em perigo" – três a mais do que na lista atual. Há casos como o da Doxocopa zalmunna, que não é vista há cerca de 80 anos na região de Serra Negra e Amparo, no interior paulista. "Não sabemos se está extinta, mas certamente está criticamente ameaçada", diz André Freitas, do Laboratório de Borboletas da Universidade Estadual de Campinas.

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