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Emeli Braz, de 17 anos, participa de aula prática no Colégio Florestal, em Irati | Henry Miléo/Gazeta do Povo
Emeli Braz, de 17 anos, participa de aula prática no Colégio Florestal, em Irati| Foto: Henry Miléo/Gazeta do Povo

Referência, curso em Irati precisa de recursos

Ismael de Freitas, especial para a Gazeta do Povo

O primeiro curso para formação de técnicos florestais do Brasil, o Colégio Florestal Pre­­sidente Costa e Silva, em Irati, no Centro-Sul do Paraná, é considerado um dos melhores do país e exporta mão de obra para vários estados e órgãos públicos, como a Em­­brapa. A grande maioria dos alunos que termina o curso sai empregada e as empresas da área constantemente assediam a direção em busca dos profissionais formados na instituição. "Hoje temos mais de 500 alunos e toda a mão de obra que formamos é absorvida pelo mercado. Nossa taxa de evasão também é baixa, girando em torno de 15%, e a de repetência não chega a 10%", diz o diretor Laércio de Oliveira.

Foi por esse motivo que a aluna Emeli Braz, de 17 anos, escolheu o curso. "Esse mercado ainda é novo no Brasil e existem muitas vagas. O salário também é compensador, algo em torno de R$ 1,2 mil para iniciantes, podendo chegar a R$ 5 mil depois de alguma experiência."

Mesmo gozando de um bom conceito junto à iniciativa privada, no entanto, o colégio sofre com falta de investimento por parte do poder público. Grande parte dos equipamentos é fruto de uma parceria realizada entre os anos de 1979 a 1987 com o governo alemão, através do Deutsche Gesellschaft Für Technische Zusammenarbeit (GTZ).

Nos últimos anos, pelo menos dois convênios garantiram a sustentação da instituição, através de recursos governamentais. "Em 2003 tivemos um investimento em reformas, ampliação da estrutura e subsídios para garantir a alimentação e serviços gerais, através do Programa Fundo Rotativo do governo do Estado. Em 2004, com o Proep (Programa de Expansão da Educação Profissional – Federal), conseguimos dinheiro para mais reformas e compra de equipamentos, como tratores", relata o diretor.

Docentes

No entanto, há dificuldades para manter o nível de qualidade de ensino, pois não há investimento suficiente para a contratação de professores e renovação da frota automotiva. "Temos veículos com mais de 20 anos de uso. Mas não há dinheiro no estado para esse tipo de ação. Com relação aos professores, dos 37 que temos, 3 têm mestrado e 1 é doutorando; temos também quase um terço de temporários", conta Oliveira. Segundo o diretor, os baixos salários oferecidos para o magistério e a falta de concursos públicos são as maiores dificuldades para enfrentar o problema da falta de docentes.

Implantado em 2008, o Sistema Nacional de Informações da Educação Profissional e Tec­­nológica (Sistec) promete reunir os dados necessários para a criação de uma avaliação de qualidade e dar conta de discrepâncias nos dados do ensino técnico brasileiro que teimam em aparecer. No Censo Escolar de 2009, por exemplo, o Paraná aparece com 52.140 alunos matriculados, um número muito menor do que o dado estadual de 96.810, que, segundo a chefe do departamento de Educação e Trabalho da Secretaria de Estado da Educação (Seed), Sandra Regina de Oliveira Garcia, é muito mais confiável.

O Sistec também pode ser o ponto de partida para um acompanhamento preciso dos egressos dos cursos profissionalizantes no mercado de trabalho. "Os estudantes que ingressaram no ensino técnico este ano foram cadastrados com o CPF no sistema. Daqui alguns anos será possível acompanhar a dinâmica desse aluno no mercado formal de trabalho", explica Sandra. A última pesquisa que trouxe alguma luz sobre esses alunos foi a Pesquisa Nacional de Egressos dos Cursos Técnicos da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, de 2007, do MEC. Pelo estudo, 72% dos 2.657 egressos formados entre 2003 e 2007 nos cursos técnicos da rede federal estão no mercado.

Fora esse estudo, apenas a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) dá alguma noção, todos os anos, sobre como estão empregados os jovens brasileiros.

Segundo o coordenador da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE), Francisco Aparecido Cordão, um sistema de avaliação está previsto para o ensino profissional desde 1999. "Antes disso, porém, o Ministério da Educação (MEC) teve de corrigir outras discrepâncias, como o grande número de habilitações existentes, criando um catálogo oficial dos cursos técnicos de nível médio. Até o fim deste ano vamos atualizar esse catálogo e também aprovar novas diretrizes para a formação dos professores do ensino profissional, com a criação de licenciaturas específicas para a formação deles, assim como já existe para os professores da educação básica e do ensino médio". Atualmente, a maior parte dos professores do ensino profissional no Brasil são graduados, bacharelados, com uma formação em um programa pedagógico específico para exercer a função.

Quantos têm mestrado, doutorado, não é possível saber ainda pelo Sistec. Essa avaliação e também o desempenho do aluno, por meio de um exame nos moldes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), só deve surgir em 2012. "Ano que vem o CNE deverá desenhar, junto com o MEC, essa avaliação para a ser aplicada, então, no ano posterior", afirma Cordão.

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