Em iniciativa semelhante à testada na Avenida Paulista, em São Paulo, a Prefeitura do Rio vai passar, no próximo domingo (6) a fechar a Avenida Rio Branco, no centro, ao tráfego de veículos. O projeto, que prevê a circulação exclusiva de pedestres na via, local de obras de instalação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e de constantes assaltos, é visto com pessimismo por especialistas, para quem não haverá interesse em passeios na Rio Branco, onde lojas fecham aos domingos.

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“A abertura da Avenida Rio Branco, que se chamava justamente Avenida Central, era para ligar o porto à zona sul, chegando na Avenida Beira-Mar. O conceito urbanístico é de uma ligação para veículos. Não pode se transformar em via de pedestres”, opina o arquiteto e historiador Nireu Cavalcanti, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF). Para ele, não haverá interesse das pessoas. “Você acha que os pedestres vão passear na avenida com calor, sol forte batendo?”

O historiador Milton Teixeira, estudioso da região central carioca, ressalta que a Rio Branco só ficou um ano de sua existência aberta para pedestres. Em 1906, quando a cidade tinha cerca de 90 veículos, os carros passaram a dividir espaço com os passantes.

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Contrário à iniciativa da prefeitura, Teixeira diz que a paralela Rua 1º de Março seria opção melhor. “Se a 1º de Março fosse uma rua para pedestres, seria mais interessante. Você tem mais restaurantes tradicionais, templos”, disse.

Os comerciantes ainda não demonstraram que pretendem abrir aos domingos. A região da Rio Branco tem sido inóspita para a categoria. De 1.200 lojas fechadas desde o início do ano no Rio, cerca de 600 ficam no centro, estima o empresário Aldo Gonçalves, integrante do Conselho Empresarial de Comércio de Bens e Serviços da Associação Comercial do Rio.

Ele atribui a situação à violência e às obras, além da crise econômica. “Tem tapume, tem poeira, mau cheiro. Realmente não é um cenário muito acolhedor.”

Otimista

Já o geógrafo João Baptista, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e coordenador do projeto Roteiros Geográficos do Rio, que oferece caminhadas gratuitas, vê a iniciativa com otimismo. “Vai dar para você andar perfeitamente com o grupo. Haverá um impedimento ou outro, mas vai dar tudo certo. A Rio Branco ficará como um bulevar para bater pernas.”

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Mauá

O mesmo dia do fechamento da Avenida Rio Branco para o tráfego marcará a inauguração da nova Praça Mauá, totalmente reformada como parte do projeto Porto Maravilha.

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