• Carregando...
Avião é retirado da água: apenas o corpo do piloto apresentava ferimentos. O co-piloto e os passageiros morreram por afogamento. | Luis Vasconcelos/ AE
Avião é retirado da água: apenas o corpo do piloto apresentava ferimentos. O co-piloto e os passageiros morreram por afogamento.| Foto: Luis Vasconcelos/ AE

Família ia a festa em Manaus

Dos 26 passageiros que embarcaram no avião Bandeirante em Coari, 23 iriam participar de uma festa de aniversário em Manaus. Fretado por R$ 8 mil, o voo levava 17 parentes diretos, entre eles cinco irmãos, do empresário Omar Melo Junior, o aniversariante. Dos convidados, só os irmãos Erick da Costa Liberal, 23, e Yan da Costa Liberal, 9, sobreviveram. "A festa era o motivo do voo. As únicas vítimas sem relação com a família são as que conseguiram lugares de última hora", disse o secretário da Casa Civil de Coari, Daniel Maciel.

A secretária da Saúde de Coari, Joelma Aguiar, que morreu no acidente, foi a última a entrar no avião. Com passagem marcada em um voo regular da empresa Trip naquele dia, ela decidiu antecipar sua chegada. As duas outras sobreviventes, a cunhada do prefeito de Coari, Brenda Dias Moraes, e a contadora Ana Lúcia Reis Laurea, embarcaram nas mesmas circunstâncias.

  • Como foi a queda

Um avião Bandeirante da empresa Manaus Aerotáxi caiu na tarde de sábado no Rio Manacapuru, no Amazonas, matando 24 das 28 pessoas que estavam a bordo. Uma das possibilidades aventadas para o acidente é o excesso de peso na aeronave, fabricada pela Embraer. O PT-SEA tinha capacidade para 16 pessoas, segundo o site oficial da própria empresa – o que reforça a hipótese de sobrepeso levantada pela Defesa Civil. No momento da queda, o avião estava com 26 passageiros e dois pilotos. Entre os mortos, estão sete crianças. Três adultos e uma criança sobreviveram.

Segundo o coronel Roberto Rocha, subsecretário de Defesa Civil de Coari, município próximo ao local da queda, a empresa teria declarado que havia apenas 20 pessoas na aeronave. "Houve algum excesso sim, porque a empresa declarou 20 passageiros e havia 28 no voo", disse o coronel.

O diretor-presidente da Manaus Aerotáxi, Marcos Pacheco, descartou a possibilidade de excesso de peso. Em entrevista coletiva concedida ontem, no Aeroporto Eduardo Gomes, em Manaus, Pacheco afirmou que a capacidade de transporte da aeronave era de 5,7 mil quilos e que o limite foi respeitado.

O site da empresa, que foi substituído ontem por uma nota de pesar, apresenta o PT-SEA como um turbo-hélice bi-motor para passageiros ou cargueiro. E diz que o avião tem capacidade para 16 pessoas ou 1,5 mil quilos.

A página oficial da empresa afirma ainda que a Manaus Aerotáxi nunca havia sofrido um acidente em 11 anos de atividades. Além do Bandeirante que caiu, a companhia tem mais cinco aviões e é a única empresa da região Norte do país autorizada pela Agência Nacional de Aviação Civil a realizar manutenção de aeronaves.

No colo

A sobrevivente Brenda Dias Moraes, de 21 anos, diz que viu várias crianças com cerca de oito anos viajando no colo de outras pessoas no voo que caiu no Amazonas. Segundo ela, o menino de nove anos que sobreviveu só se salvou porque viajava sentado no colo do irmão, de 23, que também escapou com vida. "Tinha alguns que estavam no colo que tinham nove, sete ou oito anos", disse. "Tanto que a outra pessoa que conseguiu sobreviver estava com o irmão de nove anos no colo dele."

Brenda viajava sozinha. Servidora municipal em Coari, ela ia a Manaus para participar de sua formatura no curso superior de administração. A jovem diz estar ainda em "estado de choque" com a tragédia.

Ela conta que, após o impacto do avião com a água, chegou a ficar presa na saída de emergência porque outra pessoa tentava sair ao mesmo tempo. "Quando abri a porta de emergência, o outro passageiro se precipitou e acabou saindo na minha frente. Ficamos os dois presos na porta. Tentei sair, ele tentou. Com isso, a aeronave foi pro fundo e a gente foi sendo puxado também."

O outro passageiro conseguiu se desvencilhar e os dois escaparam. "Quando saí, a aeronave já estava no fundo [do rio]. Subi nadando, com medo, me afastei. Fui para um pedaço do avião que estava boiando. Em menos de cinco minutos chegaram os ribeirinhos e ajudaram a gente."

Na hora da queda, Brenda diz que chegou a perder os sentidos. "Quando acordei, a água já estava na minha cintura. E foi só o tempo de tirar o cinto. Ouvi outro passageiro gritando que era para abrir a porta de emergência. Eu não conseguia enxergar nada, mas eu fui guiada para abrir a porta."

Em poucos segundos, o avião afundou, conta a sobrevivente. Segundo ela, a queda ocorreu cerca de dez minutos após uma das hélices do avião parar de funcionar. Nesse intervalo, conta, diz que percebeu a "agitação do piloto", mas afirma que nenhuma informação foi dada aos passageiros.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]