Um mês depois de ser detectado um vazamento de solvente orgânico com urânio na usina de processamento do minério que a estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB) mantém em Caetité, a 759 quilômetros a oeste de Salvador, o governo baiano divulgou um levantamento que mostra que seis reservatórios de água localizados nas zonas rurais de três municípios da região - Caetité, Lagoa Real e Livramento de Nossa Senhora - estão com radioatividade até cinco vezes maior que a recomendada.
Segundo o estudo, feito pelo Instituto de Gestão de Águas e Clima (Ingá), da Secretaria do Meio Ambiente do governo estadual em 15 poços da área, os seis reservatórios atingidos por radioatividade apresentam índices de até 0,5, no caso da radiação alfa, e de até 2,3, para radiação beta. Segundo o Ministério da Saúde, são seguros para o consumo humano e animal índices de, respectivamente, 0,1 e 1.
Dos poços atingidos, segundo o estudo, dois são usados na dessedentação animal, dois ficam em propriedades particulares e dois servem para abastecimento de comunidades. O caso mais grave é o da torneira do chafariz público do povoado de Maniaçu, em Caetité, onde foram registrados os índices mais altos de radioatividade.
O local, de acordo com o diretor do Ingá, Júlio Rocha, abastece cerca de 700 famílias. Os reservatórios atingidos pela radioatividade foram interditados. Governo baiano e prefeituras iniciaram o abastecimento com caminhões-pipa. Rocha diz, por outro lado, que a água fornecida pela Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) nas zonas urbanas dos municípios não está contaminada.
Segundo o Ingá, ainda não é possível apontar a causa da radiação. O vazamento na usina, ocorrido em 28 de outubro, não teria relação com os índices, já que a coleta da água analisada foi feita antes, no fim de setembro. Por causa do vazamento e da ocultação da ocorrência por parte da INB, a estatal foi multada em R$ 1 milhão pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), no dia 19.
Os exames nos poços da região de Caetité, informa o Ingá, são realizados regularmente, a cada três meses. Na semana passada, foram colhidas mais amostras das águas contaminadas para que seja determinada a causa da radiação. Os laudos devem ser conhecidos em até um mês.
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