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"Cidade sem metrô" tem debate na encruzilhada

Uma pergunta que não quer calar: se a Linha Verde vai desafogar em até 30% o número de passageiros da Linha Sul e se estudos da Urbs mostram que 60% do pessoal que parte do Pinheirinho se dispersa antes de chegar à Praça do Japão, para quê metrô? Some-se na pergunta que os bairros da Zona Sul estão ganhando vida própria – o que, a longo prazo, devem dar uma folga ao combalido Terminal Pinheirinho.

Certo ou errado? Para a prefeitura, a resposta está errada. O projeto do metrô é para o futuro e está calcado em evidências de que a cidade vai mesmo precisar da ajuda do subsolo para que o povo possa ir e vir. O secretário Municipal de Comunicação, Deonílson Roldo, traça o quadro do congestionamento que aguarda o curitibano.

Em junho deste ano, a cidade chega a seu 1 milhão de carros. Também há mais gente andando de ônibus. E não é de hoje – desde junho de 2005, o sistema integrado de transporte registra um milhão a mais de passageiros por mês. Os ônibus das 390 linhas rodavam 475 mil quilômetros por dia. Em quatro anos, passaram a rodar 10 mil quilômetros diários a mais. A frota, idem, passou de 1.862 ônibus para 1.909. "A discussão do metrô funciona, inclusive, como um estímulo para diminuir a frota de veículos na cidade. Não podemos esquecer da poluição provocada pelos automotores e que estamos no meio de uma grande discussão ambiental", diz Roldo. (JCF)

"Efeito Boqueirão". É assim que o presidente da Urbs, Paulo Afonso Schmidt, chama a tendência de muitos bairros desenvolverem comércio e setor de serviços próprios, diminuindo a necessidade de trânsito da população para outras regiões da cidade. O fenômeno pode ser notado em diversas áreas de Curitiba, como Tatuquara, Sítio Cercado e Bairro Novo. A exemplo do Boqueirão – com seus 70 mil habitantes e tão independente que já chegou a abrigar um movimento separatista – outros bairros podem estar entrando na idade adulta.

O sistema de transporte urbano reflete imediatamente essas mudanças. "Muita gente deixa de precisar de ônibus para ir à escola ou ao trabalho", diz Schmidt, chamando atenção para o fato de que a saturação do sistema de transporte – fato admitido pelo Ippuc em diversas ocasiões – nem sempre é o fim do mundo. "Pegar ônibus pode deixar de ser um fator restritivo em alguns lugares", diz.

Além das mudanças de perfil dos bairros – diminuindo o número de usuários de tempos em tempos – a direção da Urbs chama atenção para o efeito Linha Verde sobre o sistema de transporte. Raras intervenções urbanas vieram cercadas de tantas expectativas – mais até do que o metrô –, apesar de o assunto ainda não ter empolgado a população.

Além de virar do avesso uma região degradada da cidade, em sua primeira fase a linha deve desafogar a rota Pinheirinho –Santa Cândida em até 30%, graças à conexão com o Boqueirão. Esse "descarrego" é um exemplo típico de usuário que não tem o Centro como destino. A perspectiva é baixar dos 260 mil usuários por dia da Norte–Sul para 200 mil. "É uma baita redução", empolga-se Schmidt.

A primeira etapa da Linha Verde, atualmente em obras, terá 9,4 quilômetros de extensão e vai do Terminal do Pinheirinho às redondezas do Jardim Botânico. A previsão é de que transporte diariamente 30 mil pessoas, mas a grande avenida teria potencial para 150 mil passageiros. Em outros pontos da cidade – presume-se – a carga pesada de Norte–Sul também encontra um ombro amigo. O Ligeirão, projeto ainda em implantação, vai reduzir um trajeto de 33 minutos, no Boqueirão, para 18 minutos.

Para quem faz a conta, pensar no metrô é mesmo uma tentação. Os 14,3 quilômetros que separam os terminais do Pinheirinho e do Cabral, por baixo da terra, a 60 ou 80 quilômetros por hora, seriam percorridos em cinco minutos. A capacidade seria de 50 mil passageiros por hora. Uma hora é exatamente o que se gasta hoje para fazer todo esse percurso. O mesmo que é preciso para ir de Curitiba a Paranaguá. Noves fora – fica-se pensando se vai ter gente para tanto. Por incrível que pareça, é o que povo se pergunta. (JCF)

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