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Respostas comentadas do simuladinho de Matemática| Foto:

Estatísticas não têm padrão único

Os dados estatísticos de levantamento de acidentes do Batalhão de Polícia de Trânsito não seguem um padrão. "Nós fazemos a partir da necessidade do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR)", explica o oficial de comunicação do Bptran, 2.º-tentente Alexandre Lamour Viana. As contagens têm padrões diferenciados. Às vezes são feitas por vias, outras por cruzamentos ou ainda pelos dois critérios. Estatísticas parciais, mês a mês, podem ser consultadas em alguns anos, mas não em todos, o que dificulta a análise das séries históricas.

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O comerciante Celso Elias Farah, 56 anos, mora na esquina das ruas Dr. Bley Zornig e Anne Frank, no bairro Boqueirão, em Curitiba. É o cruzamento mais violento da capital. Farah já foi testemunha de tantas batidas de carros que perdeu as contas. Cansou de ver mortes na frente de casa e até, por duas vezes, um carro atravessando o muro de sua propriedade. Para tentar se proteger, chegou, inclusive, a fazer uma espécie de barricada de pedras em frente de casa.

Apenas nos quatro primeiros meses do ano, o cruzamento do Boqueirão contabiliza oito acidentes com registro de boletins de ocorrência no Batalhão de Polícia de Trânsito (Bptran). Mas para Farah, os números podem ser maiores. Segundo ele, as colisões acontecem quase todos os dias e são cada vez mais violentas. "Há dias em que há mais de uma", afirma. Várias, diz ele, nem chegam a ser contabilizadas pelo Bptran. "Em muitas o pessoal se acerta entre si e nem chama a polícia", conta.

Segundo o Bptran, o problema do cruzamento da Rua Dr. Bley Zornig com Rua Anne Frank, no Boqueirão, onde Farah reside, é a imprudência dos motoristas. Já para os moradores, falta sinalização. "Os carros que estão na Anne Frank, sentido centro, não percebem que têm de parar na Zornig e acabam avançando a preferencial", conta o comerciante. A sinalização vertical das ruas também é precária. Faltam, por exemplo, faixas de pedestres.

Logo na segunda posição do ranking de acidentes de Curitiba está a esquina formada pelas avenidas Sete de Setembro e Marechal Floriano Peixoto, no Centro, com sete acidentes no mesmo período. Neste caso, a explicação, segundo o Batalhão, é o fluxo intenso de veículos.

As cerca de 60 quadras da Avenida Marechal Floriano Peixoto são campeãs de acidentes, segundo dados do Bptran, quando a pesquisa é feita por via, com 6 acidentes até abril deste ano, e 183 no ano passado. Em 2003, ano com dados estatísticos mais antigos do Bptran, a Marechal Floriano Peixoto já aparecia como um dos locais com grande número de acidentes, na terceira colocação, no cruzamento com a BR-476, com 11 acidentes. Em 2003, a esquina mais perigosa da cidade era a formada pela Avenida Sete de Setembro e Rua Mariano Torres, no centro da cidade.

Neste ano, cinco dos sete cruzamentos com maior número de acidentes estão localizados nos bairros da cidade. De acordo com o relatório, os pontos campeões de acidente migram constantemente de local. Contudo, em alguns, a mudança é de poucas quadras. Como regra geral, esse fenômeno ocorre, segundo especialistas, por dois motivos: modificações e melhorias na sinalização do cruzamento ou mudança de interesse na via, ou seja, obras viárias do entorno podem fazer com que o fluxo de veículos mude de lugar.

Para o Bptran, os motoristas são mais relapsos quando circulam em bairros periféricos, o que poderia justificar a liderança no ranking de acidentes estar no Boqueirão, e não mais no centro da cidade. Já o movimento intenso é o argumento para explicar o segundo lugar em número de ocorrências, ainda no Centro.

De acordo com o professor do Curso de Educação e Gestão de Trânsito e Transporte da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Paulo Fernando Silva Moraes, outras variáveis devem ser analisadas. "Há um mito nesta área de que a falha é sempre humana", explica.

Segundo Moraes, a tecnologia da engenharia de tráfego é capaz de evitar acidentes na maior parte dos casos. Para ele, diversas possiblidades podem ser estudadas, no caso do cruzamento do Boqueirão, como por exemplo: implantação de semáforo dependendo do fluxo de veículos, lombada ou melhoria na visibilidade da placa de via preferencial. Já no Centro, a solução seria uma fiscalização mais rígida.

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