Moradores protestam; escola já tinha ficado no fogo cruzado
Em protesto pela morte do garoto Wesley Rodrigues, moradores do conjunto de favelas onde a Polícia Militar trocou tiros com traficantes atearam fogo a pneus para bloquear a avenida José Arantes de Melo, que dá acesso à favela.
Rio de Janeiro - Uma troca de tiros entre traficantes e policiais militares deixou um menino de 11 anos e pelo menos seis homens mortos na manhã de ontem nas favelas da Pedreira e Quitanda, em Costa Barros, Zona Norte do Rio de Janeiro. A criança estava em uma sala de aula no Centro Integrado de Educação Pública (Ciep) Rubens Gomes e foi atingida por uma bala perdida. As vítimas ainda foram levadas para o hospital estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, mas morreram antes de dar entrada na unidade. No final da tarde, o comandante do 9.º Batalhão de Polícia Militar (BPM), coronel Fernando Principe, foi afastado do cargo.
Wesley Gilber Rodrigues, 11 anos, levou um tiro no peito e foi levado por duas professoras para o hospital, no carro de uma delas, por volta das 9h50. Ele ainda vestia o uniforme da escola. Segundo os educadores, eles resolveram levar o menino para a unidade porque o socorro demorou mais de meia hora. Ainda não foi identificada a origem do tiro que atingiu o garoto. Por volta das 14 horas, a Secretaria Estadual de Saúde do Rio confirmou que mais seis corpos haviam sido levados por policiais ao Hospital Carlos Chagas. Os mortos, segundo a polícia, seriam de traficantes das favelas Lagartixa, Costa Barros e Terra Nostra.
"Quero meu filho de volta e isso eu não posso ter. Isso não pode estar acontecendo. Por que tiraram ele de mim?, questionou a mãe do menino, Islaine Rodrigues do Nascimento, enquanto aguardava a liberação do corpo no Insti-tuto Médico Legal. Além de Wes-ley, pelo menos 30 crianças do 5.º ano assistiam à aula de Matemática na sala. Quando o tiroteio co-meçou, muitos alunos se jogaram no chão. Os vidros de várias janelas da escola foram estilhaçados pelos disparos. A Secretaria Municipal de Educação suspendeu as aulas no Ciep por tempo indeterminado.
Contradição
Ontem à tarde, autoridades da PM do Rio divergiram quanto ao motivo da operação. A assessoria de imprensa da corporação informou que os policiais foram à favela checar denúncias sobre traficantes, feitas pelo Disque Denúncia; já o coronel Príncipe disse que a operação havia sido planejada e que contou com cem policiais. "Como em toda favela, operações colocam em risco os moradores, mas a não realização dessas ações faz a comunidade ainda mais vítima", disse o comandante, que assumiu o comando da unidade em maio, após ter sido exonerado do comando do 6.º Batalhão, na Tijuca. Foram apreendidas seis armas (uma carabina calibre.30, uma submetralhadora, três pistolas e um revólver), oito motos, nove máquinas caça-níqueis e drogas (maconha, cocaína e crack), ainda não contabilizadas. Dois suspeitos, que não tiveram os nomes divulgados, foram presos.
Policiais da Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio realizam uma perícia no Ciep, mas não deram informações. As armas usadas pelos policiais, além das apreendidas durante a operação, serão periciadas pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli. A Corregedoria da PM vai apurar o caso. O novo comandante do 9.º BPM é o tenente-coronel Luiz Carlos Leal. Em nota, a PM informou que "um dos objetivos da mudança de comando é garantir total isenção e rigor na apuração dos motivos da operação, bem como do procedimento adotado, que resultou na perda irreparável para uma família".
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