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Análises preliminares da perícia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), de São Paulo, mostram que a bala calibre 38 que atingiu de raspão o queixo de Mércia Nakashima não partiu de nenhuma das duas armas do ex-namorado dela, Mizael Bispo de Souza, um revólver 38 e uma pistola 380, que foram apreendidas para exames. O advogado e policial militar aposentado é apontado pela Polícia Civil como o principal suspeito pelo assassinato da advogada. Ele nega o crime.

A informação acima de o exame inicial ter dado negativo para o confronto balístico foi divulgada nesta quinta-feira (1º) pelo advogado de Souza, Samir Haddad Júnior, e confirmada ao G1 por policiais que participam da investigação e peritos que trabalham no caso. Apesar disso, novos testes comparativos serão feitos. Vale destacar que o laudo oficial de balística feito pelo Instituto de Criminalística (IC) ainda não ficou pronto.

"Informações preliminares da perícia mostram que a bala que atingiu o que atingiu o maxilar de Mércia não partiu das armas de Mizael. Se tivessem partido de alguma arma dele, a polícia já divulgado porque seria uma prova muito forte contra meu cliente", disse Haddad Júnior.

O advogado de defesa ressaltou, no entanto, que ainda é preciso aguardar a divulgação oficial do laudo do IC. "Tendo a confirmação de que a bala que feriu Mércia não partiu de armas do Mizael, isso afasta possibilidade, descarta que ele utilizou suas armas pessoais para efetuar disparos contra a ex-namorada", afirmou Haddad Júnior.

Baleada no carro

De acordo com o que informou na quarta-feira (30) o perito Renato Pattoli, do DHPP, o tiro que atingiu o lado direito do rosto de Mércia não a matou. Para o especialista, que irá redigir a dinâmica do homicídio, o mais provável é que a vítima tenha desmaiado ao ser baleada e morrido por afogamento.

"O que me leva a acreditar que Mércia foi baleada dentro do carro é o fato de terem sido encontrados um projétil dentro do veículo dela [um Honda Fit prata] e resquícios de metal no ferimento da vítima. Também foram achados fragmentos de osso humano no veículo. O tiro foi dado de cima para baixo. Ninguém atira de raspão em ninguém no rosto. Foi para matar. A vítima estaria tentando se defender e levou um disparo de raspão", disse Pattoli.

O corpo da advogada foi encontrado numa represa em Nazaré Paulista, interior do estado, em 11 de junho. Seu veículo foi achado submerso no mesmo local um dia antes. Ela estava desaparecida desde 23 de maio, quando deixou a casa dos avós em Guarulhos, na Grande SP.A causa da morte de Mércia ainda não foi divulgada oficialmente pelo Instituto Médico Legal (IML).

O laudo que apontará isso deve ficar pronto até este fim de semana. Na quarta, peritos do IC e IML se reuniram na sede da Polícia Técnico-Científica, na capital, para debater os resultados preliminares dos exames necroscópico no corpo da vítima e técnicos feitos no carro dela.

Para o DHPP, porém, mesmo em caso de o laudo do IC vir a constatar que não há relação entre o tiro em Mércia e as armas de Mizael, o ex-namorado continua sendo o suspeito número "1" do crime. Dados do rastreador do carro do advogado indicam que no dia 23 ele esteve perto do lugar onde a advogada foi vista pela última vez e dias antes passou pela represa onde o corpo dela foi achado.

Além do principal suspeito, mais duas pessoas são investigadas por suposto envolvimento no homicídio: um dos irmãos de Mizael e o vigilante Evandro Bezerra Silva, que teve a prisão decretada pela Justiça por faltar a um depoimento. Este último continua foragido.

"A polícia está muito no samba de numa nota só. Ficam só com suspeitas em cima de Mizael. Outras pessoas poderiam ser investigadas também", criticou o advogado Haddad Júnior.

Testemunha

Um pescador, que é considerado a principal testemunha do crime, afirmou à polícia ter visto um carro entrar na represa de Nazaré Paulista em 23 de maio, um domingo, mesmo dia em que Mércia deixou a casa da avó na Grande SP. Ele contou ainda ter visto um homem alto sair do lado do motorista e disse que escutou gritos de mulher. Em seguida, relatou que viu o carro afundar com as lanternas acesas. O veículo foi localizado em 10 de junho e o corpo de Mércia retirado no dia seguinte.

Em seu depoimento, o pescador não contou ter escutado disparo de arma. Indagado sobre isso, o perito Pattoli respondeu que todas essas dúvidas serão respondidas com a reconstituição que será feita no local do crime, em julho. De acordo com o perito Pattoli, existe a possibilidade de usar silenciador em armas de calibre 38. Em outras situações, é possível abafar o som de um tiro dentro de um carro se o veículo estiver com os vidros fechados ou se o atirador usar uma almofada, por exemplo.

A reconstituição do caso, baseada na versão do pescador, deverá ocorrer ainda em julho.

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