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Mesa diretora da Frente Parlamentar Agropecuária: deputados Pedro Lupion (PP/PR) e Evair de Melo (PP/ES).
Mesa diretora da Frente Parlamentar Agropecuária: deputados Pedro Lupion (PP/PR) e Evair de Melo (PP/ES).| Foto: Reprodução/ FPA

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) cobrou, nesta segunda-feira (6), um posicionamento urgente do Ministério da Educação (MEC) e do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre três questões do Enem 2023, sendo uma delas que associou o agronegócio à violência no campo e ao avanço do desmatamento.

Uma das questões criticada pela bancada do agronegócio traz um artigo publicado em 2021, na revista Élisée, da Universidade Estadual de Goiás (UEG), em que os autores questionam a “lógica do agronegócio”.

“No cerrado, o conhecimento local está sendo cada vez mais subordinado à lógica do agronegócio. De um lado, o capital impõe os conhecimentos biotecnológicos, como mecanismo de universalização de práticas agrícolas e de novas tecnologias, e de outro, o modelo capitalista subordina homens e mulheres à lógica do mercado. Assim, as águas, as sementes, os minerais, as terras (bens comuns) tornam-se propriedade privada. Além do mais, há outros fatores negativos, como a mecanização pesada, a ‘pragatização’ dos seres humanos e não humanos, a violência simbólica, a superexploração, as chuvas de veneno e a violência contra a pessoa”, diz a questão colocada para análise.

Segundo a bancada, a questão é de "cunho ideológico e sem critério científico ou acadêmico", e por isso deve ser anulada. "O ENEM é um exame de avaliação do conhecimento. As perguntas são mal formuladas, de comprovação unicamente ideológica e permite que o aluno marque qualquer resposta, dependendo do seu ponto de vista. Anulação já!", diz a FPA.

Em nota divulgada à imprensa, a bancada apontou cinco pontos críticos da questão, e entre eles, citou o "negacionismo científico contra um setor que, além de trazer a segurança alimentar ao Brasil e ao mundo, é massificação de mentiras". "É inacreditável o governo federal se utilizar de desinformação em prova aplicada para quase 4 milhões de alunos brasileiros que disputam uma vaga nas universidades do Brasil", critica a bancada.

Além da anulação das questões 89, 70 e 71 da prova, a bancada apresentou um requerimento de convocação ao ministro da Educação, Camilo Santana, para que compareça a audiências na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Também pediu informações ao ministério sobre a banca organizadora do Enem e referências bibliográficas utilizadas para a construção do exame.

"Este é o único país do globo em que o seu próprio governo federal propaga desinformação sobre a principal atividade econômica e de produção de riqueza, renda e empregos. A serviço dos brasileiros? Vincular crimes à atividade legal é informação?", questiona a bancada.

Em nota, o Ministério da Educação informou que as questões do Enem "são elaboradas por professores independentes, selecionados por meio de edital de chamada pública para colaboradores do Banco Nacional de Itens (BNI)". "O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) não interfere nas ações dos colaboradores selecionados para compor o Banco. O processo envolve as etapas de elaboração e revisão pedagógica dos itens, além de validação pelo trabalho de uma comissão assessora. Os itens selecionados para a edição de 2023 passaram pelo fluxo estabelecido nas normativas do BNI”, escreveu a pasta.

Pedidos de convocação

O deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP) também protocolou, nesta segunda-feira, dois pedidos de convocação do ministro Camilo Santana para que dê informações sobre as perguntas com viés ideológicos no Enem. O parlamentar cita questões que atacavam o capitalismo e o agronegócio.

"Vemos o Enem voltando a ser aquilo que já foi no passado, uma ferramenta de doutrinação ideológica e que em vez de se preocupar em avaliar o conhecimento técnico do candidato, preocupa-se em espalhar ideologia esquerdista", afirmou Bilynskyj.

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