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O juiz Jeronymo Villas Boas, que cancelou o registro de união estável de um casal homossexual em Goiás, disse ontem que Deus o "impingiu" a decidir nesse sentido. A sentença, já derrubada pela Corregedoria do Tribunal de Justiça (TJ) do estado, contrariou o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), que no mês passado reconheceu a união homoafetiva como entidade familiar.

Recebido por lideranças evangélicas da Câmara Federal, em ato de apoio à sua sentença, o juiz contou aos deputados que sua família está sofrendo ataques por causa da decisão. "Abdiquei da estabilidade de saber que meus filhos poderiam ir tranquilos para a escola. Mas Deus me incomodou, Deus como que me impingiu a decidir. Sei que esta nação há de compreender que não estou discriminando ninguém", disse Villas Boas.

O magistrado garantiu que sua decisão não foi discriminatória e muito menos influenciada pela religião. "Como indivíduo, tenho direito a expressar a minha fé e sou livre para exercer o meu ministério. Isso não interfere nos meus julgamentos. Mas sou pastor da Assembleia de Deus Madureira. E não nego a minha fé", afirmou o juiz. "Sua desobediência santa nos inspira", disse o deputado Anthony Garotinho (PR-RJ), da bancada evangélica.

Casamento coletivo

O Rio de Janeiro celebrou ontem a união estável de 43 casais homossexuais. Entre eles, estavam o jornalista Léo Mendes, de 47 anos, e o estudante Odílio Torres, de 21 anos, que tiveram o registro de união cancelado pelo juiz Jeronymo Villas Boas. A decisão dele foi anulada na terça-feira pelo Tribunal de Justiça de Goiás, mas os dois decidiram realizar novamente a união.

"Já estávamos no Rio quando a decisão do juiz foi derrubada e havíamos gasto dinheiro com passagens e hospedagens, então decidimos ficar. Com um segundo registro, temos uma segurança maior para a união e também damos uma resposta política contra esse absurdo", disse Léo.

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