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Na rede estadual, cada computador é usado por 27 alunos | Marcelo Elias/ Arquivo/ Gazeta do Povo
Na rede estadual, cada computador é usado por 27 alunos| Foto: Marcelo Elias/ Arquivo/ Gazeta do Povo

Capacitação

O foco deve estar voltado para o ensino

Independentemente da tecnologia a ser aplicada nas salas de aula, o que não se pode perder de vista é o uso e o caráter pedagógico. "Uma redação, no computador ou à mão, é uma redação. É necessário ter em mente que essa tecnologia deve auxiliar no ensino do aluno e para isso é necessário investimento e capacitação dos professores", ressalta o doutor em Educação Ocimar Alavarse.

Para Gabriela Schneider, doutoranda em Educação, é importante ter computador e outros dispositivos de ensino nas escolas. "Mas o uso dessas ferramentas não pode virar um passatempo para os estudantes", aponta.

Os 27 mil professores de ensino médio da rede pública estadual começarão o ano letivo de 2013 equipados com tablets. Serão investidos R$ 9,5 milhões para a compra de 32 mil tablets, dos quais 5 mil formarão estoque de reserva. Os novos dispositivos serão comprados com recursos do Programa Nacional de Tecnologia Educacional e complementam o esforço do governo estadual para promover a inclusão digital e a modernização do sistema educacional.

"É uma forma de os professores poderem acessar a internet, preparar aulas, coordenar as chamadas de uma forma mais fácil", diz o diretor-geral da Secretaria de Estado da Educação, Jorge Eduardo Wekerlin. De acordo com ele, o professor poderá preparar as aulas, acessar a internet e consultar conteúdos como revistas pedagógicas e 60 livros que estarão instalados no equipamento.

Para Alavarse, antes, a medida deveria ser adotada como projeto-piloto. "Assim, daria para analisar se surtirá ou não efeito na melhoria do ensino."

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O governo do Paraná tem como meta deixar todos os 2.134 colégios da rede estadual conectados à internet banda larga até 2014. Segundo dados do Censo Escolar 2011, 97% das escolas do estado têm acesso à internet e 1.566 (73%) têm a tecnologia da banda larga disponível. No entanto, o avanço prometido só será relevante se houver investimento em equipamentos e treinamento de professores.

A rede estadual possui 45.678 computadores para atender 1,2 milhão de alunos – uma média de 27 estudantes na disputa para usar cada máquina. Em todo o Brasil, os colégios estaduais possuem uma média de 43 alunos por computador.

Os equipamentos são mal distribuídos. Há colégios que possuem 16 computadores para atender quase mil estudantes, como o Colégio Estadual Tancredo Neves, em Imbaú, na região central, com quase 60 alunos por computador. Outro exemplo é o Colégio Estadual José Pioli, em Itaperuçu, na Região Metropolitana de Curitiba, que possui 20 computadores para aproximadamente mil alunos, segundo o Censo Escolar.

"É necessário que o poder público dê condições estruturais para os alunos usarem o computador nas atividades. Não é o ideal que se tenha três ou quatro alunos dividindo a mesma máquina", aponta o doutor em Educação e professor da Universidade de São Paulo (USP) Ocimar Alavarse. Ele afirma que um laboratório com poucos computadores é incapaz de atender uma turma com 30 estudantes.

Outro ponto levantando por Alavarse é que, em muitas escolas do país, os laboratórios de informática ficam ociosos por diversas razões. Uma delas corresponde à manutenção dos equipamentos. "Informática exige manutenção física e operacional. Muitos equipamentos que apresentam problemas ficam sem reparos", salienta Alavarse.

Professora e doutoranda em Educação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Gabriela Schneider reconhece que o uso da internet e de computadores pode auxiliar no aprendizado dos alunos. Todavia, ela relata que em diversas escolas os equipamentos sequer saíram das caixas. "É preciso uma estrutura que possa fazer a manutenção dos computadores. Não se pode deixar que o professor tenha a tarefa de cuidar também do laboratório de informática", ressalta.

Gabriela ainda chama a atenção para o fato de que investimento – seja em instalação de banda larga ou compra de computadores – não é sinônimo de melhora no ensino. "Se tem condições de investir em banda larga, o governo deve ter condições de ofertar infraestrutura mínima nas escolas, como telhados, banheiros e paredes em boas condições", afirma.

Banda larga

Na rede municipal de ensino de todo o Paraná, 53% das escolas (2.624) possuem banda larga. São 38.455 computadores para 752.008 estudantes – média de 20 alunos por computador. Na rede privada do estado, onde há aproximadamente 12 alunos por computador, 92% das 2.055 escolas possuem banda larga.

InformatizaçãoGoverno promete investir em lousas digitais

O diretor-geral da Secretaria de Estado da Educação, Jorge Eduardo Wekerlin, concorda que a distribuição dos computadores não é uniforme entre as escolas, mas afirma que a média de 27 alunos por equipamento pode ser considerada um padrão. Segundo ele, a meta da gestão é levar a banda larga a todas as escolas até 2014. Werkelin afirma que outro assunto tratado com prioridade é a implantação de computadores e lousas digitais nas salas de aula. "A nossa ideia é transformar o ambiente escolar levando a tecnologia para dentro das salas. Não podemos ter computador apenas em laboratório", afirma. Em 2013, ele garante que 3 mil das 25 mil salas de aula da rede estadual terão a lousa digital. "Há situações em que num período de seis meses o professor não levou alunos ao laboratório de informática uma única vez. Com as lousas, podemos usar a internet para o ensino no dia a dia", explica o diretor. De acordo com Werkelin, o modelo de laboratório não dá certo. "O professor não consegue atender todos os alunos", justifica.

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