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A água é aquecida a 360C para o parto, e a gestante fica de 3 a 5 horas na banheira. Depois de cada nascimento, o local é esterilizado | Hedeson Alves/Gazeta do Povo
A água é aquecida a 360C para o parto, e a gestante fica de 3 a 5 horas na banheira. Depois de cada nascimento, o local é esterilizado| Foto: Hedeson Alves/Gazeta do Povo

Humanização

Cresce procura por parto natural

De acordo com o obstetra Fernando César de Oliveira Junior, o processo de humanização dos partos é usado para tornar o processo o mais natural possível. "O parto humanizado prevê o mínimo de intervenção, o que resulta em menos riscos tanto para o bebê quanto para a mulher", explica. Para o médico Carlos Navarro, um parto humanizado é aquele que respeita as vontades da mãe e evita procedimentos desnecessários. "Já virou rotina estourar a bolsa antes da hora ou injetar ocitocina para apressar o parto. Mas este tipo de procedimento só deve ser usado em casos de emergência, assim como o parto cesáreo, que só é recomendado quando o bebê é muito grande ou está em risco", alerta.

A estudante de Enfermagem Paula Gavinski, 24 anos, optou pelo parto natural e sem anestesia quando deu à luz o filho Paulo Henrique, hoje com 3 anos. "Enfrentei a dor com a ajuda de exercícios e téc­nicas de respiração. Em dois dias já estava caminhando e cuidando do meu filho. Jamais faria cesariana por opção. Tenho amigas que tiveram complicações", conta.

Navarro explica que tanto o parto normal quando o natural (sem uso de anestesia) são seguros, mas muitas mulheres preferem a segunda opção. "A dor libera endorfina, um anestésico natural que circula por todo o corpo e que libera outras substâncias que aumentam os laços entre mãe e filho. A endorfina, que passa para o leite materno, também facilita o processo de amamentação. É como se o bebê se viciasse no leite e, por isso, o procurasse com mais frequência", explica.

  • Conheça os diferentes tipos de parto

O parto na água é uma alternativa para as gestantes que querem que o nascimento do filho seja o mais natural possível. Sem o uso de anestesias e com intervenção mínima da equipe médica, a água quente relaxa a musculatura, contribui para a dilatação do colo do útero e ajuda a diminuir a dor durante o trabalho de parto. A primeira banheira para parto de Curitiba foi inaugurada ontem, dentro das novas instalações do Centro Obstétrico da Maternidade Victor Ferreira do Amaral. Até então, as gestantes que quisessem ter o seu filho na água realizavam o parto em banheiras infláveis, que poderiam ser usadas no hospital ou em casa.

Espera-se, com a instalação da ba­­­nheira, oferecer mais conforto e se­­gurança às mães que optam pelo par­­to normal ou natural. "Mesmo quem não quer fazer o parto na á­­gua pode se beneficiar dos banhos quen­­tes, que ajudam a relaxar e a li­­dar melhor com as contrações an­­tes do nascimento do bebê", ex­­pli­­ca o diretor-geral da maternidade, Fernando Cesar de Oliveira Júnior.

O obstetra Carlos Navarro, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e que atende na Vic­tor Ferreira do Amaral e no Hospital Santa Cruz, é um dos poucos médicos da cidade a realizar os partos aquáticos. "O problema é que a banheira demora para ser in­­flada e enchida. Quando a estrutura do hospital já oferece esse tipo de alternativa, o processo se torna muito mais fácil. Muitas mães não querem fazer o parto na banheira, mas uma vez que entram, se sentem tão bem que não querem mais sair e acabam tendo o bebê ali mesmo", conta o médico, que realiza em média três partos na água por mês.

É um direito da gestante escolher em que posição e de que forma quer realizar o parto, desde que não existam impedimentos clínicos. Ela também pode e deve ter acesso a métodos não farmacológicos e não invasivos de alívio à dor e de estímulo à evolução fisiológica do parto. Estes direitos estão previstos na Resolução RDC 36, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que entrou em vigor em dezembro de 2008. As normas, que incluem ainda mu­­danças na estrutura física dos hospitais – como a obrigação de fornecer um alojamento conjunto para a mãe e o bebê desde o nascimento, além de uma área para movimentação ativa da gestante –, têm o objetivo de estimular o parto normal e, assim, reduzir os índices de mortalidade materna e neonatal no país.

Cesarianas

De acordo com o Ministério da Saúde, as cesarianas representam 43% dos partos realizados no Brasil. Pelo Sistema Único de Saúde (SUS), menos de 30% dos partos são cirúrgicos. O índice é o mesmo em Curitiba. Já nas maternidades particulares, o número de cesáreas chega a 80% só entre as mulheres conveniadas a planos de saúde. O índice de cesarianas recomendada pela Organização Mun­dial de Saúde (OMS) é de no máximo 15% do total de nascimentos.

Como explica o médico Fer­nando César de Oliveira Junior, o parto natural, inclusive o realizado na água, só não é recomendado para partos prematuros, quando o bebê é muito grande ou quando ocorre sangramento excessivo. "É importante que a decisão seja tomada em conjunto com o médico", lembra.

A Maternidade Victor Ferreira do Amaral só atende pacientes pelo SUS. Estima-se que possam ser realizados cerca de três partos na água por dia, já que o processo é mais longo. A mulher fica em torno de 3 a 5 horas na banheira, e é preciso esterilizar o local para o seu reuso. Além da instituição em Curitiba, o Hospital Costa Caval­canti, em Foz do Iguaçu, também oferece centro obstétrico com banheira para as gestantes.

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