Na segunda-feira seguinte aos arrastões e agressões nas praias cariocas, um vídeo com trechos de uma reportagem veiculada no fim dos anos 1980 na Rede Manchete circulou nas redes sociais e trouxe problemas a uma das pessoas que aparece sendo entrevistada e dando declarações polêmicas. Intitulada “Os pobres vão à praia”, a matéria mostra a ocupação das praias da Zona Sul pelos habitantes da Zona Norte e a reação dos banhistas locais. Uma das primeiras entrevistadas, Angela Moss, na época com 18 anos, diz que passou a ir à praia na Barra para evitar contato com os novos frequentadores de Copacabana.

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“Não pode tirar a pessoa do Méier, do mangue, e levar a pessoa para Copacabana, porque eu não posso conviver com uma pessoa que não tem o mínimo de educação”, diz ela na reportagem do “Documento especial”.

O programa da Manchete, produzido por Nelson Hoineff, foi ao ar entre 1989 e 1996, dando ênfase a temas polêmicos. A reportagem, que traz outros entrevistados, tornou-se viral após os arrastões na praia de Copacabana e os ataques aos ônibus no mesmo bairro no domingo. Angela, hoje com 47 anos, publicou uma retratação na rede dizendo que “era uma criança retardada e com pouco conhecimento” e fez questão de dizer ao usuário que publicou o vídeo que o mantivesse no ar.

“Fico feliz que pessoas como você fiquem indignadas com esse vídeo. O que me perturba mesmo são as muitas que me escrevem dando os parabéns. Peço portanto que você mantenha o vídeo, mas, se possível, publique minha declaração. É importante notar que o vídeo foi editado para parecer pior do que é. Como todo meio de comunicação a Manchete não estava interessada em informar ou alertar mas apenas ter ibope. Mas não há como negar: essa é a face triste de uma sociedade sem compaixão e egoísta e sim um dia já foi a minha face. É triste, mas do alto da minha idade atual me orgulho de ver como eu era menor e em quem eu me transformei”.

Angela, que é formada em direito e tem mestrado em filosofia, prefere não dar entrevistas. Em troca de mensagens, ela escreveu que passou a noite recebendo ameaças de morte e mensagens assustadoras, tanto de pessoas que ficaram revoltadas por causa do vídeo quanto de pessoas que ficaram irritadas com a mensagem de retratação.