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Bing Xing olha de sua jaula ao chegar no aeroporto de Barajas, em Madri | Reuters
Bing Xing olha de sua jaula ao chegar no aeroporto de Barajas, em Madri| Foto: Reuters

Bloqueio de ruas divide opiniões

O fechamento de ruas próximas ao Parque Barigüi aos domingos divide a opinião de especialistas. Para o vice-coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Paraná

(UFPR), Paulo Chiesa, a medida é importante. Já o advogado Marcelo Araújo, professor de Direito de Trânsito da UniCuritiba, é contrário.

"A medida devolve a cidade ao pedestre. É uma prioridade", afirma Chiesa. Ele acha que não vai haver dificuldade de acesso. "Cedo ou tarde isso ia acontecer, por causa da fila de veículos que temos em Curitiba." Para Araújo, trata-se de uma restrição para favorecer uma minoria. "Se é uma via pública, não pode ter restrição. Estão privatizando uma via pública", diz. Para ele, os problemas deveriam ser resolvidos com mais fiscalização e mais áreas para estacionamento.

Segundo o gerente da área de Fiscalização de Trânsito da Diretran, Adão Lara, para criar mais estacionamentos seria necessário desapropriar uma área verde. O administrador da regional Matriz, Omar Akel, informa que parques próximos serão monitorados, para avaliar se o bloqueio vai prejudicar outras áreas de lazer.

No próximo domingo, dia 16, os freqüentadores do Parque Barigüi que costumam ir de carro ao local poderão encontrar quatro ruas fechadas com correntes, impedindo o acesso de veículos. A previsão da prefeitura de Curitiba é de que até domingo as correntes, os pontaletes (postes de eucaliptos) e as placas de trânsito já estejam instaladas no local. Das 14h30 às 20 horas, apenas os moradores da região terão acesso à Rua Dr. Aluízio França e adjacentes. O objetivo é impedir o bloqueio do trânsito e o excesso de barulho. Segundo a Diretoria de Trânsito de Curitiba (Diretran), 40 mil pessoas freqüentam o parque nos fins de semana.

Quatro ruas transversais à Aluízio França ficarão fechadas com correntes aos domingos: Orlando Cantarelli, Antônio Nogarolli, Pedro Nolasko Pizzato e David Abrão. Na rua Lúcio Rasera haverá um bloqueio policial para impedir o acesso de veículos. O administrador da Regional Matriz da prefeitura de Curitiba, Omar Akel, acredita que medida será definitiva. "Acho que agora irá melhorar. A solicitação dos moradores tem sido insistente. Os cavaletes não funcionavam e ficou pior com a emenda."

Desde novembro de 2005 as ruas estavam sendo bloqueadas com cavaletes. Devido à falta de agentes de trânsito para a fiscalização, o cavaletes eram facilmente retirados, conforme constatou reportagem da Gazeta do Povo do dia 23 de janeiro de 2007. Desde o fim do verão, porém, nem o bloqueio temporário estava sendo feito aos domingos. Os moradores voltaram a reclamar do barulho. "A situação está insustentável no domingo à tarde. Junta muita gente, tem som alto, queimam pneu, dá briga", reclama o presidente da Associação de Moradores e Amigos do Parque Barigüi (AMAParque), Ari Becker. "Os cavaletes não funcionavam porque as pessoas não respeitavam."

Com o novo sistema de fechamento, apenas os agentes da Diretran poderão retirar as correntes. "Não tínhamos agentes para todos os pontos do fechamento e era uma abertura fictícia. Com o fechamento, com corrente e sinalização informando, com certeza isso irá funcionar", afirma o gerente da área de Fiscalização de Trânsito, Adão José Lara. Apenas seis agentes de trânsito ficavam no local, quando seriam necessários de 12 a 15 profissionais.

"A gente já sabe que não dá para ficar em casa no domingo. É muito diferente o público que vem no sábado do de domingo", afirma o morador Rodrigo Snege. Com o aumento da temperatura, os vizinhos acreditam que o movimento só tende a aumentar e que o fechamento virá em boa hora. "No período de inverno não tem movimento. Agora, com o tempo esquentando, o pessoal está se programando para entrar no parque", opina a nutricionista Daniele Cristina de Souza.

Alguns freqüentadores até evitam ir ao parque nos fins de semana, como as amigas Léa Olltmann e Luíza Ferraz. Elas acreditam que esporte e lazer perdem espaço para bagunça e bebedeiras. "Está pior que a Avenida Batel", diz Luíza.

As companhias da Polícia Militar responsáveis pelo policiamento no Parque Barigüi informam que não há registros de violência. "Se a população está vendo a situação e não está fazendo a queixa, não temos como mensurar isso", alega o comandante da 3.ª Companhia da Polícia Militar, Davi Altino de Jesus.

Contra

A dentista Elisabete Baretta Moraes é contra o fechamento. Com dificuldades de locomoção, ela precisa do carro para ter acesso ao parque, assim como a mãe dela, de 78 anos. "Tem muita gente de idade, famílias com crianças. Poderia ter um acesso limitado, mas não o bloqueio", afirma. Para ela, não serão correntes que irão conter o barulho e as badernas, mas fiscalização.

Já a encarregada do Bistrô Barigüi, Rosana Coutinho Fernandes, calcula que o bloqueio pode impedir um aumento das vendas. "O dia que mais vendemos é no domingo. De repente, com a liberação, venderíamos mais."

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