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Outro lado

Governo afirma que áreas a serem alagadas já estão degradadas

O Departamento Hidroviário do Estado de São Paulo informou que as áreas que serão alagadas pela construção da barragem de Santa Maria da Serra, no rio Piracicaba, já estão bastante degradadas. Segundo o departamento, a várzea denominada Tanquã será ocupada pelas águas do reservatório, mas as espécies de fauna e flora que ali se encontram também habitam outras áreas de várzea de São Paulo e do Sudeste. O empreendimento prevê a recuperação desse espaço com a criação de uma Área de Proteção Permanente (APP).

Ainda segundo o DH, os estudos do Eia-Rima indicam que não haverá alterações significativas nas populações de aves, mamíferos, répteis e peixes na região. Das 218 espécies de aves, apenas cinco poderão sentir maior incômodo pela alteração do regime do rio para o regime de lagoa de barragem. O projeto inclui uma escada de peixe para permitir a circulação de espécies migratórias e a inclusão de um programa de repovoamento.

Relevância

A região concentra 218 espécies de aves, 39 de répteis e anfíbios e 46 de mamíferos, entre elas algumas ameaçadas, como o macaco monocarvoeiro, o bugio vermelho, a jaguatirica e o lobo guará. "As áreas úmidas do Tanquã compõem um ambiente de grande produtividade que suporta uma importante comunidade animal, caracterizada pela grande diversidade especialmente de aves, reunindo espécies ameaçadas de extinção e migratórias", informa o documento.

O Pantaninho do Tanquã, uma vasta área úmida que lembra o Pantanal mato-grossense, vai desaparecer com a construção da barragem de Santa Maria da Serra, no rio Piracicaba, na região central do Estado de São Paulo. O projeto, que ampliará em 55 quilômetros a navegação na hidrovia Tietê-Paraná, está em processo de licenciamento na Secretaria Estadual do Meio Ambiente, mas é combatido por ambientalistas. A barragem com eclusa e usina para geração de energia será feita na divisa entre Anhembi e Santa Maria da Serra, levando a hidrovia até o distrito de Artemis, em Piracicaba.

O Centro de Estudos Ornitológicos (CEO) e a Sociedade para Defesa do Meio Ambiente de Piracicaba (Sodemap) entraram com representação contra o projeto no Ministério Público Estadual (MPE), em Piracicaba, alegando a falta de sustentabilidade do empreendimento.

As obras também vão interferir em corredores de fauna que ligam a Estação Ecológica do Barreiro Rico, unidade de conservação estadual, a outras áreas de preservação permanente. O MPE abriu inquérito civil público para avaliar os impactos. O projeto é do Departamento Hidroviário do Estado de São Paulo, órgão da Secretaria de Logística e Transportes do Estado.

De acordo com o Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (Eia-Rima) encaminhado neste mês aos órgãos de licenciamento, o fechamento da barragem, com 1.340 metros de largura, vai elevar em pelo menos quatro metros o nível atual do rio Piracicaba para formar um lago com 6,7 mil hectares, inundando 3.090 hectares de matas, várzeas, campos e florestas ribeirinhas.

A região está em vários roteiros turísticos, inclusive de organizações internacionais de pesquisa e observação de aves. O Tanquã também é chamado de "Pantanal Piracicabano", por receber aves características do Pantanal, como tuiuiú, garça branca grande, jaburu, tucano, marreco, papagaio e arara. O local é ponto de parada de aves que se deslocam de um extremo ao outro do continente.

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