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“Há uma motivação política de mobilização de bases radicais no discurso contra o Supremo”, disse Luís Roberto Barroso, presidente do STF. Segundo o ministro, os parlamentares bolsonaristas eleitos estão trabalhando para agradar às próprias bases.
“Há uma motivação política de mobilização de bases radicais no discurso contra o Supremo”, disse Luís Roberto Barroso, presidente do STF. Segundo o ministro, os parlamentares bolsonaristas eleitos estão trabalhando para agradar às próprias bases.| Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou que o enfrentamento entre o Poder Legislativo e a Corte é fruto da articulação da bancada de parlamentares aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, publicada no último dia 30, Barroso afirmou que "há uma motivação política de mobilização de bases radicais no discurso contra o Supremo". Segundo ele, esses parlamentares estão trabalhando para agradar às próprias bases.

Barroso também acrescentou que o "ex-presidente atacava o tribunal e ofendia seus integrantes com um nível de incivilidade muito grande. Em qualquer parte do mundo, isso seria apavorante". O presidente do STF ainda completa que na gestão do presidente Lula o ambiente está mais harmonioso. "Eu mesmo já votei em teses que agradaram e desagradaram ao governo, como é meu dever fazer. A parte boa é que eu não fui insultado em nenhuma das ocasiões. Esse já é um diferencial importante na vida", considera.

Em setembro, o STF derrubou a tese que define um marco temporal para apropriação de terras indígenas. Como resposta, o Congresso Nacional aprovou um projeto de lei na direção contrária do que foi definido pelo STF, ao estabelecer o marco temporal para demarcação de terras indígenas, no mesmo mês de setembro. Os parlamentares também derrubaram os vetos feitos pelo presidente Lula. Na mesma época, o Senado Federal aprovou uma PEC que limita os poderes dos ministros da Suprema Corte.

Barroso afirmou ter alertado o presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-RO) que "mexer no Supremo, no ano em que foi invadido por golpistas antidemocráticos, é uma simbologia ruim".

Para Barroso, ministros não devem se importar com opinião pública sobre a Corte

Uma pesquisa pelo Datafolha, deste mês de dezembro, apontou que a reprovação do STF cresceu, passando de 31% para 38%. Mas para o presidente da Corte a opinião pública não deve ser tão considerada e que "o Supremo tem feito muito bem ao país. Na defesa da democracia, nós prestamos um serviço importante". "Nós conseguimos deter o populismo autoritário, prestamos um serviço imprescindível ao país, que é a preservação da Constituição e da democracia", disse.

"O Supremo cumpriu o seu papel. Opinião pública é um conceito um pouco volátil, ela varia e muda a opinião pública de lugar com frequência. Eu sou um sujeito que eu vivo para a história e não para o dia seguinte", ressaltou. Ele ainda disse que os temas tratados pelo STF dividem a população e que "em alguma medida está sempre desagradando alguém".

Sobre os atos do 8 de janeiro, Barroso acredita que o STF deve tomar decisões duras para que situações como essa não se repitam em eleições futuras. Ele ainda acrescentou que "na medida em que o tempo vai passando, essa reação vai diminuindo e as pessoas começam a ficar com pena", ao falar sobre as punições recebidas por presos durante os atos.

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