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A desempregada Claudinéia de Freitas Santos, de 39 anos, que teve a prisão decretada porque não pagou a fiança de R$ 300, disse nesta segunda-feira (9) que se arrependeu da tentativa de furto a roupas em um supermercado. "Meus filhos ficavam pedindo roupa e bateu o desespero em mim. Sujei minha reputação e meus filhos estão chorando com medo de a mãe ir presa", afirmou.

Segundo ela, os filhos mais novos pediam roupas todos os dias. "Eles estavam pedindo bermudas, porque as que eles usam eram amarradas com cadarço", disse a desempregada. O caso começou no dia 30 de julho, uma sexta-feira. Claudinéia, moradora de Cidade Tiradentes, na Zona Leste de São Paulo, tentou furtar 10 bermudas de criança, um tamanco e duas roupas de bebê de um supermercado, segundo a defensora pública Paula Barbosa Cardoso, que representa a mulher.

Ela conta que o caixa do supermercado percebeu e ela deixou as 10 bermudas. No entanto, os seguranças a seguiram até o ponto de ônibus e encontraram o tamanho e as roupas de bebê. A mãe acabou detida em flagrante e levada para o 53º Distrito Policial, no Parque do Carmo, onde confessou o delito. Ficou presa até o sábado (1º) e conseguiu liberdade por causa da ajuda de um advogado que estava na delegacia no momento da prisão. "Ele fez isso por amor, quando ficou sabendo que eu tinha dez filhos", disse a desempregada.

Uma juíza concedeu a liberdade, mas Claudinéia deveria comparecer ao fórum para pagar os R$ 300 de fiança na segunda-feira. "A juíza do plantão entendeu que, se ela tinha contratado alguém [para defendê-la], podia pagar a fiança", explicou a defensora, destacando que o advogado não cobrou pelos serviços.

A desempregada se apresentou no Fórum da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo, na segunda-feira, 1º de agosto, e procurou a Defensoria Pública. Paula Cardoso diz que pediu para que a juíza do Departamento de Inquéritos Policiais afastasse a fiança, mas a solicitação foi negada na terça-feira. "Nesse dia, para Claudinéia vir ao fórum, ela teve que vender a lata do leite que tinha ganhado na escola", afirmou a defensora.

Como a fiança não foi paga, a Justiça expediu o mandado de prisão preventiva da desempregada, que agora é considerada foragida. A defensora entrou, na quinta-feira (5), com um pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). No início da noite desta segunda-feira, a Justiça acolheu o pedido da defensora e concedeu liberdade provisória para a Claudinéia.

Família sem emprego

Claudinéia diz que 14 pessoas moram na residência da família, entre elas os filhos de 5 a 23 anos. Os adultos estão todos desempregados. "Tem dia que não tem nem pão, nem manteiga", contou a mulher. Ela garante que nunca havia cometido atitude semelhante e diz ter medo de ficar presa. "Eu tenho medo porque meus filhos têm pai, mas dependem de mim para tudo."

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