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Defesa de Celina Abagge pediu ao juiz que ela fosse interrogada apenas na frente dos jurados: acusada teria contado detalhes da suposta tortura que sofreu | Walter Alves/Gazeta do Povo
Defesa de Celina Abagge pediu ao juiz que ela fosse interrogada apenas na frente dos jurados: acusada teria contado detalhes da suposta tortura que sofreu| Foto: Walter Alves/Gazeta do Povo
  • Plenário ficou lotado ao longo do dia até ser esvaziado por ordem do juiz
  • Veja o que aconteceu no caso desde 1992

O julgamento de Beatriz Cordeiro Abagge no Tribunal do Júri, no Centro Cívico, em Cu­­­ritiba, que começou ontem, será retomado hoje às 8h30, com os debates entre acusação e defesa. Cada lado terá uma hora para fazer uma sustentação oral. Na sequência haverá uma hora para a réplica e uma hora para a tréplica. A expectativa é que o júri seja encerrado ainda hoje. Beatriz á acusada pelo assassinato e sequestro de Evandro Ramos Caetano, em 1992, em Gua­ratuba, no litoral do Paraná. O menino teria sido morto em um ritual de magia negra encomendado por Beatriz e a mãe dela, Celina. Última a falar ontem no tribunal, o interrogatório de Beatriz ocorreu a portas fechadas. O pedido foi feito pela defesa, após serem ouvidas sete testemunhas e lidas as peças processuais. O argumento era que Beatriz falaria sobre a confissão dela ter ocorrido mediante tortura. De acordo com o advogado de defesa, Adel El Tasse, ela iria falar sobre temas difíceis a ela e, inclusive, relacionadas a um estupro. O depoimento começou por volta das 20h15 sem a presença de jornalistas no local e foi encerrado às 21h30.

Acusadas como mandantes do assassinato, Beatriz e Celina Abagge foram julgadas pela primeira vez em 1998 no mais longo júri da história da Justiça brasileira – foram 34 dias de julgamento. Na época, mãe e filha foram consideradas inocentes porque não ficou comprovado que o corpo encontrado desfigurado em um matagal era de Evandro.

O Ministério Público (MP) recorreu da decisão e pediu um novo julgamento alegando que a perícia da arcada dentária e o exame de DNA que provavam que o corpo era do menino foram desconsiderados no julgamento. Quase um ano depois, em março de 1999, o júri que absolveu Beatriz e Celina foi anulado pelo Tribunal de Justiça (TJ) do Paraná.

Testemunhas

Durante o dia, ontem, foram ouvidas sete testemunhas, sendo quatro de defesa e uma de acusação. Nos momentos de interrupção da audiência, a mãe de Beatriz, Celina, tentou consolar a filha. Celina e Beatriz não falaram com a imprensa. O plenário foi tomado por amigos e parentes das Abbage. "Está claro que não há prova que sustente a acusação. Mesmo que o corpo seja de Evandro, não há como comprovar a ligação dela", disse o advogado Adel El Tasse.

Os pais de Evandro assistiram ao julgamento no segundo andar do auditório. "Estamos confiantes. Dezenove anos é muito tempo. Esperamos justiça, mas nada vai trazer o Evandro de volta. Não há um dia que eu não me lembre dele", disse o pai do menino assassinado, Ademir Batista Caetano, 62 anos. Maria Ramos Caetano, 58 anos, mãe de Evandro, abalada, preferiu não falar com a imprensa.

De acordo com o juiz presidente da sessão, Daniel Surdi Avelar, o julgamento está transcorrendo bem. "O último durou 34 dias. Acredito que terminamos amanhã (hoje), a não ser que ocorra algum incidente, o que não acredito. Estamos colhendo provas de forma rápida e objetiva. Espero que os debates amanhã (hoje) também ocorram em alto estilo."

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