• Carregando...

São Paulo – Em seu primeiro discurso no Brasil, após desembarcar no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos (SP), o Papa Bento XVI saudou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o povo brasileiro. Já nas primeiras declarações fez uma referência velada à polêmica sobre a legalização do aborto no Brasil. Segundo ele, em Aparecida, "será reforçada" a identidade católica "ao promover o respeito pela vida, desde a sua concepção até o seu natural declínio, como exigência própria da natureza humana".

Segundo Bento XVI, a Igreja quer "apenas indicar os valores morais de cada situação e formar os cidadãos para que possam decidir consciente e livremente". Para isso, ele ressaltou que a Igreja "não deixará de insistir no empenho que deverá ser dado para assegurar o fortalecimento da família, da juventude e, finalmente, mas não por último, defendendo e promovendo os valores subjacentes em todos os segmentos da sociedade".

Em um discurso de sete minutos, Bento XVI disse ainda que o Brasil tem "um lugar muito especial" no seu coração e destacou que o País, além de nascer cristão e ter o mais alto número de católicos, é uma "nação rica de potencialidades com uma presença eclesial que é motivo de alegria e esperança para toda Igreja". O Papa declarou, ainda, estar "muito feliz por poder passar alguns dias com os brasileiros".

Bento XVI desembarcou em Guarulhos às 16h23 em um Boeing 777-200 da Alitalia fretado pelo Vaticano. Desceu do avião a passos rápidos, de mocassim vermelho, e foi recebido por Lula e a primeira-dama, Marisa Letícia.

Acompanhados do núncio apostólico (embaixador do Vaticano no Brasil), dom Lorenzo Baldisseri, se dirigiram ao hangar onde fariam os discursos. Diferentemente de João Paulo 2.º, não beijou o solo do país.

Bento XVI disse em seu discurso também que sua "missão" no Brasil é presidir, em Aparecida, a sessão de abertura da 5.ª Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e Caribenho, de onde, diz ele, devem nascer propostas que poderão "dar um novo vigor e impulso missionário" ao continente latino-americano.

Após ressaltar os valores morais da Igreja e o eixo da solidariedade, "especialmente com os pobres e desamparados", Bento XVI invocou a Nossa Senhora da Conceição Aparecida para proteger e inspirar os governantes "na árdua tarefa de serem promotores do bem comum, reforçando os laços de fraternidade cristã para o bem de todos os seus cidadão. "Deus abençoe a América Latina! Deus abençoe o Brasil!", concluiu.

Ainda no avião que trouxe o pontífice de Roma (Itália), o Papa disse que os bispos mexicanos estão corretos ao recomendar a excomunhão como punição aos políticos que aprovaram recentemente a liberalização do aborto na Cidade do México. Bento XVI afirmou que a decisão do episcopado mexicano não foi arbitrária, porque está prevista no Código do Direito Canônico da Igreja Católica. Ele afirmou ainda que a vida "é um dom e não uma ameaça", como sugere a mensagem que está na raiz das legislações em favor do aborto.

Na entrevista aos jornalistas que acompanharam sua viagem ao Brasil, o Papa disse ainda que o crescimento das igrejas neopentecostais no Brasil e na América Latina é uma preocupação na Igreja Católica. "A assembléia geral dos bispos quer encontrar respostas convincentes para isso". Segundo o Papa, a difusão das igrejas comprovam que "há sede de Deus, que as pessoas querem estar próximas de Deus e procuram o apoio do cristianismo para a solução de seus problemas".

De Cumbica, o Papa seguiu de helicóptero para o Aeroporto de Campo de Marte, em São Paulo – onde sexta-feira vai anunciar a canonização de Frei Galvão. De lá, seguiu no papamóvel para o Mosteiro de São Bento.

A aparição do Papa Bento XVI na sacada do Mosteiro de São Bento durou cerca de três minutos, tempo suficiente para levar ao delírio as cerca de 10 mil de pessoas presentes. O Papa surgiu às 18h02, fez uma saudação aos presentes, na qual reiterava ser esta sua primeira viagem ao Brasil e à América Latina desde que ele assumiu o posto de sumo pontífice, e encerrou a aparição oferecendo uma bênção, em latim, aos presentes.

Na frente do Mosteiro, não apenas brasileiros, mas também, portadores de bandeiras da Argentina, do Uruguai, do Chile, do Peru e do Paraguai manifestavam as palavras de ordem como "Viva o Papa!" e "Olê, olê, olê, Bento, Bento!". Nas sacadas dos edifícios da região, também várias pessoas acenavam para o Papa. Não foi registrado pelas Polícias Militar e do Exército nenhum tipo de incidentes. Apenas algumas pessoas passaram mal por conta da aglomeração e do intenso frio ontem em São Paulo.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]