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Jaime Luiz, no Horto há 16 anos: “eu me considero privilegiado por trabalhar aqui | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Jaime Luiz, no Horto há 16 anos: “eu me considero privilegiado por trabalhar aqui| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Ambiente antiestresse

Se evitar o caos urbano e buscar o contato com a natureza é uma boa receita para ter uma vida mais longa e com mais qualidade, os funcionários do Horto Municipal da Barreirinha ainda vão ter muita história para contar. "É bom trabalhar aqui. A única coisa que incomoda é esse canto de pássaros o tempo todo", brinca José Luiz Kucek, funcionário do Horto há 22 anos. "Aqui tem vários tipos de frutas e de bichos. Tem tucano, cotia, joão-de-barro. A gente já ficou até amigo deles", diverte-se.

O técnico agrícola Roberto Larini Salgueiro conta que ninguém que vai ao local fica imune à sensação de tranquilidade. "As pessoas chegam estressadas, mas depois de ficarem um pouco aqui conversando com a gente, saem calmas. Tem gente que vem buscar mudas e pede para ficar um pouco mais", relata. "É comprovado que a arborização causa um bem-estar muito grande", explica o engenheiro florestal Jaime Luiz Cobalchini. "Eu me considero privilegiado por trabalhar aqui. Além de realizar uma atividade que beneficia a população, estou longe da correria da cidade", comenta.

Boa parte das 300 mil árvores que a Secretaria Municipal do Meio Ambiente estima que estejam plantadas nas ruas de Curitiba têm sua origem na Barreirinha. Fundado em julho de 1959, o Horto Municipal produz cerca de 80 mil mudas por ano para atender à demanda da arborização de ruas, parques, praças e de órgãos municipais, estaduais e federais. Para os 18 funcionários do Horto – 15 da prefeitura e três de empresas terceirizadas – as árvores representam muito tempo, trabalho e investimento.

Ao longo de seus 50 anos, o Horto da Barreirinha modernizou suas instalações e suas técnicas. Os computadores chegaram, as estufas ganharam coberturas mais modernas e as técnicas de cultivo foram aperfeiçoadas. Mas o avanço mais representativo ocorreu nas ideias que norteiam o trabalho. "Antigamente nós pensávamos muito no aspecto da ornamentação. Se a planta era bonita e se adaptava ao nosso clima, bastava para que nós produzíssemos as mudas", explica o engenheiro florestal Jaime Luiz Cobalchini, que trabalha no Horto há 16 anos. "Hoje estamos preocupados com a preservação das espécies locais e com a interação dessas plantas com outras, com os animais e com as pessoas", completa.

Atualmente, existe um trabalho gradual de substituição de plantas invasoras, que se multiplicam rapidamente e prejudicam o ecossistema original. "Sempre que possível trocamos essas plantas por outras que sejam semelhantes, mas que façam parte da vegetação local", ressalta o técnico agrícola Roberto Larini Salgueiro, há 30 anos na equipe.

Processo

"Nós andamos pelas ruas, parques e praças coletando sementes de acordo com um calendário que nos orienta quais são as espécies da época", conta Cobalchini. Esse é o início do processo de preparo das mudas, que para algumas árvores de maior porte, pode levar cerca de três ou quatro anos. Depois de recolhidas as sementes, elas são extraídas das vagens e semeadas. Cada planta demora um tempo diferente para começar a mostrar as primeiras folhas, ter condições de ser transplantada para um recipiente individual e, finalmente, estar pronta para chegar às ruas.

Quem decide que espécies serão colocadas ao longo das ruas e avenidas da cidade é a equipe de Arborização da Secretaria do Meio Ambiente. Os técnicos avaliam o local e escolhem a planta que melhor se adapta e que vai agregar benefícios para o meio ambiente e para as pessoas. Os cidadãos podem solicitar por meio da Central 156 o plantio de árvores em vias públicas, a poda das já existentes ou mesmo a substituição delas. "As pessoas precisam entender que as árvores têm um período de vida útil. Plantas novas retiram mais dióxido de carbono do ambiente do que as antigas", afirma Salgueiro. "A tendência da arborização é pensar na substituição das árvores que estão debilitadas, com exceção, é claro, daquelas que têm uma importância histórica ou cultural", pondera.

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